Folha de S. Paulo


Grupos ocupam prédios públicos em mais um dia de protestos pelo país

Em um dia de protestos de médicos e caminhoneiros, manifestantes também aproveitaram para reforçar as ocupações de prédios públicos em diferentes cidades do país.

Em Vitória, manifestantes que estão na Assembleia Legislativa criaram o "Disque Ocupa" para receber doações de voluntários. O grupo usa o telefone do gabinete da presidência da Casa para atender as ligações. Cerca de 200 pessoas se revezam no local, de acordo com os manifestantes.

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O prédio foi invadido na noite de terça-feira (2). Depois de quebrar a porta de vidro da sala, eles fizeram uma barricada com uma mesa e um quadro, segundo a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social. Houve conflito. A polícia usou spray de pimenta para tentar conter a invasão.

O grupo pede que seja retomada a votação do decreto que acaba com o pedágio na Terceira Ponte, entre Vitória e Vila Velha, que havia sido adiada até a próxima terça-feira. "Vamos ficar aqui até que as pautas deliberadas sejam atingidas", afirma uma representante da ocupação, que não quis se identificar.

O expediente foi suspenso por tempo indeterminado. Em nota, deputados disseram que estão dispostos a "dialogar democraticamente com os integrantes da mobilização após a necessária desocupação pacífica".

Em Manaus, manifestantes completaram dois dias de acampamento em frente à Assembleia. Cerca de 20 pessoas estão no local, segundo a Polícia Militar. Entre as reivindicações dos manifestantes, está a redução dos salários dos deputados e a demissão dos cargos comissionados para contratação de bolsistas do Prouni.

Entre 200 e 300 pessoas têm se revezado na ocupação do saguão interno e jardim da Câmara Municipal de Belo Horizonte desde o último sábado. Os manifestantes exigem a queda no preço da passagem do ônibus superior aos R$ 0,05 aprovados pelo Legislativo municipal.

Os manifestantes querem que o valor retroceda a R$ 2,65, que era o valor cobrado até 29 de dezembro. Além disso, eles cobram da prefeitura a abertura das planilhas e informações sobre auditoria nas empresas de ônibus e querem o passe livre.

No final da tarde desta quarta-feira, teve início uma reunião entre uma comissão representando os manifestantes e o prefeito Marcio Lacerda (PSB). É primeira reunião. O prefeito quer que eles deixem a Câmara para poder negociar.

Lacerda alega que nem a tarifa de R$ 2,75, já com a redução dos R$ 0,05, poderá entrar em vigor porque a Câmara suspendeu suas atividades por causa da ocupação. A Câmara precisa devolver o projeto para ser sancionado pelo Executivo. Os manifestantes exigiam ser recebidos pelo prefeito para poder negociar uma eventual desocupação.

Em Divinópolis, cerca de 20 manifestantes ocupam desde segunda-feira a Câmara Muncipal da cidade. Por conta da ocupação, a Câmara também suspendeu o funcionamento. A pauta de reivindicações engloba transporte público, saúde e saneamento.

Em Montes Claros, cerca de 80 pessoas ocuparam a Câmara Municipal de Montes Claros, onde pretendem ficar até esta quinta-feira, segundo eles. Entre as principais reivindicações está a redução da tarifa do transporte.

MÉDICOS

Milhares de médicos e estudantes de medicina fizeram passeatas nesta quarta-feira contra a vinda de médicos estrangeiros para atuar no SUS (Sistema Único de Saúde) sem teste para validar seus diplomas no Brasil. Os atos aconteceram em São Paulo, Rio, Brasília, Ceará, Minas, Bahia e Pernambuco, entre outros Estados.

Em Brasília, cerca de 200 médicos protestaram em frente ao Ministério da Saúde. Chegaram a gritar pela saída do ministro Alexandre Padilha (Saúde). Em seguida, desceram até a frente do Palácio do Planalto --prédio onde trabalha a presidente Dilma Rousseff.

Na capital paulista, o grupo acabou se reunindo com outros manifestantes, totalizando 5.000 pessoas na avenida Paulista, que foi totalmente bloqueada no início da noite. Já no Rio, o ato aconteceu pela manhã, e reuniu em torno de 600 pessoas na avenida Rio Branco.

Na Bahia, houve manifestações em Salvador e nas duas maiores cidades do interior: Feira de Santana e Vitória da Conquista. Na capital baiana, o número de manifestantes chegou a 3.000 entre médicos, residentes e estudantes.

Em Fortaleza, aproximadamente 2.000 pessoas fizeram uma passeata pela avenida Beira-Mar, segundo a Polícia Militar, com cartazes e palavras de ordem. O ato começou pela manhã na Assembleia Legislativa do Estado, onde os médicos buscaram apoio dos deputados.

Em Goiânia, mil manifestantes, segundo a PM, marcharam do prédio do CRM (Conselho Regional de Medicina) até o Hospital Geral, onde o ato terminou.

Em torno de 800 médicos e estudantes também foram às ruas em Belo Horizonte, em marcha que partiu da avenida Afonso Pena fechou a praça Sete, no centro, por volta das 18h. Da praça Sete, os manifestantes seguiram pela rua Bahia em direção ao Minascentro, informou a polícia.

Um protesto menor, com cerca de cem médicos e estudantes, interditou no Recife a pista local da avenida Agamenon Magalhães. O ato terminou por volta das 17h. Não houve confronto entre manifestantes e policiais em nenhum desses locais, informaram as PMs locais.

CAMINHONEIROS

Ao menos 14 rodovias em seis Estados foram interditadas nesta quarta, terceiro dia de protestos de caminhoneiros. Os bloqueios ocorreram na Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os motoristas permitem a passagem apenas de ônibus e carros.

Os manifestantes reivindicam soluções para questões nacionais da categoria, entre elas, o subsídio no preço do óleo diesel, isenção do pagamento de pedágios para caminhões e criação da secretaria do Transporte Rodoviário de Cargas.

O líder da paralisação dos caminhoneiros, Nélio Botelho, que está à frente do MUBC (Movimento União Brasil Caminhoneiro), afirmou que os protestos serão mantidos nas estradas brasileiras até às 6h de quinta-feira, conforme previsto na convocação da categoria.


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