Folha de S. Paulo


Brasileira que morreu em travessia ilegal já havia morado nos EUA

A capixaba Silvinha da Silva Braga, 45, que na segunda-feira (1°) morreu afogada no mar do Caribe ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, estava tentando voltar ao país para uma nova temporada, segundo familiares.

Silvinha e o marido, Adilson Gonçalves de Oliveira, 42, viveram nos EUA entre 1992 e 2000, mas foram flagrados pela imigração e precisaram voltar ao Brasil, conta Dayane Braga Oliveira, 22, a filha mais velha do casal.

"Meu pai não queria mais voltar (aos EUA). Mas minha mãe queria, e não tinha ninguém que tirasse isso da cabeça dela", acrescentou.

Adilson sobreviveu ao naufrágio, assim como as outras 18 pessoas que tentavam a travessia no mesmo bote. A data da volta dele ao Brasil é incerta.

A família vive em Alto Rio Novo (225 km de Vitória) e soube do acidente às 23h de segunda-feira, por meio de uma tia que vive nos EUA. Ela foi informada pela imigração porque o casal carregava o número de telefone dela.

Segundo Dayane, após o acidente o pai disse à tia por telefone que quis abortar a travessia ao ver a fragilidade do bote, mas foi ameaçado de morte pelos atravessadores, que estavam armados.

Dayane disse ainda que os pais passavam por dificuldades financeiras, que planejavam a travessia havia pelo menos um mês e que a intenção deles era morar definitivamente nos EUA.

Silvinha e Adilson tinham uma pequena loja de material de construção em Alto Rio Novo. Eles montaram o negócio com o dinheiro que conseguiram nos oito anos que viveram nos EUA, segundo a filha.

Nesta quarta-feira (3), a família ainda não sabia como faria o translado do corpo para o Brasil. A tia que mora nos EUA ficou encarregada de falar com as autoridades norte-americanas.


Endereço da página:

Links no texto: