Folha de S. Paulo


Termina protesto de bolivianos em SP; ruas do centro são liberadas

O protesto que reuniu cerca de 300 bolivianos no cruzamento da rua Bresser com a rua Coimbra, no Brás, região central de São Paulo, terminou por volta das 21h, de acordo com a Polícia Militar.

As vias ficaram totalmente bloqueadas por cerca de duas horas e meia, mas foram liberadas às 20h35, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

Os manifestantes pediam justiça no caso do boliviano Brayan Yanarico Capcha, de 5 anos, que foi assassinado durante um assalto à sua casa na madrugada de ontem, em São Mateus, na zona leste de São Paulo.

A Polícia Militar acompanhou a manifestação, que não teve registro de incidentes.

Reprodução/TV Globo
Documento de identidade do boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, assassinado durante assalto à sua casa na zona leste de SP
Documento de identidade do boliviano Brayan Yanarico Capcha, 5, assassinado durante assalto à sua casa na zona leste de SP

REVOLTA

Esse é o segundo protesto da comunidade boliviana de São Paulo desde que pelo menos 200 bolivianos protestaram contra a morte de Brayan, em frente ao 49º DP (São Mateus).

Diante do prédio, o grupo exibia cartazes pedindo justiça e uma bandeira da Bolívia. Alguns manifestantes tentaram agredir suspeitos detidos para averiguação. Houve uma tentativa de invasão à delegacia.

ASSASSINATO

Segundo a polícia, seis assaltantes invadiram a casa quando um tio de Brayan estacionava, chegando de uma entrega de roupas. No imóvel moravam 11 bolivianos (quatro casais de costureiros e três crianças, incluindo Brayan).

Brayan, a mãe e o pai, Edberto Yanarico Quiuchaca, 28, foram levados para a parte de cima do sobrado. Os demais moradores ficaram no térreo, com parte dos ladrões.

A mãe de Brayan entregou R$ 3.500 aos ladrões. O cunhado dela, abordado na garagem, tinha mais R$ 1.000.

A mãe de Brayan, a costureira Veronica Capcha Mamani, 24, disse que os ladrões, insatisfeitos com os R$ 4.500 entregues, ameaçaram os moradores e se irritaram com o choro do menino. "Me ajoelhei, abraçada ao meu filho. Meu filho dizia 'não me mate, não mate minha mãe'. Mesmo assim, ele atirou", contou Veronica.

Antes, diz ela, o menino pediu: "Mãe, me esconde". O menino foi levado ao pronto-socorro do Hospital São Mateus pelos pais, mas não resistiu aos ferimentos.

A polícia deteve nove suspeitos para averiguação, mas cinco foram liberados. O secretário de Estado da Segurança Pública, Fernando Grella, disse que a polícia dará "prioridade absoluta" à investigação do caso.

Dos seis criminosos, cinco usavam capuzes. Dois deles portavam revólver e os outros, quatro facas. Eles fugiram após balear a criança.


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