Folha de S. Paulo


Três capitais têm mais um dia de confronto entre polícia e manifestantes

Policiais e manifestantes voltaram a entrar em confronto em pelo menos três capitais nesta quinta-feira (27). Houve embate em Fortaleza, Porto Alegre e Salvador, onde os protestos reuniram 12 mil pessoas.

A capital cearense reuniu 5.000 manifestantes e teve o confronto mais longo e intenso. O protesto começou às 10h e só terminou às 17h.

Torcedores que seguiam para o Castelão, onde Espanha e Itália se enfrentaram pela Copa das Confederações, corriam assustados e tinham que tampar boca e nariz para se protegerem do gás lacrimogêneo lançado pela Polícia Militar.

Os manifestantes marcharam até uma barreira policial que impedia o acesso ao estádio e, por volta das 14h, parte deles começou a atirar bombas caseiras, coquetéis molotov, pedras e paus nos policiais militares. A PM revidou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo.

O Batalhão de Choque cercou os manifestantes até que o grupo se dispersasse. Eles ainda tentaram ir ao aeroporto Pinto Martins, mas foram impedidos pela PM.

Placas quebradas, restos de pneus e garrafas de plástico queimados, vidros de um ônibus depredado, além de muitas pedras e garrafas quebradas, usadas como munição contra os policiais, podiam ser vistos ao longo do caminho. Imóveis também foram depredados.

Um carro da TV Diário foi incendiado e um da TV Jangadeiro, afiliada da Band, foi depredado e teve os vidros quebrados.

Segundo a PM, 72 pessoas foram detidas e 20 menores de idade apreendidos. Além disso, ao menos, sete pessoas ficaram feridas sem gravidade.

Em Porto Alegre, a manifestação também reuniu 5.000 pessoas que reivindicavam a redução da tarifa de ônibus.

O problema começou quando um grupo não aceitou a proposta de "protesto parado" e passou a reivindicar uma passeata, aos gritos de "protesto não é festa".

Integrantes desse grupo jogaram rojões em direção a policiais da Tropa de Choque que faziam a guarda do Tribunal de Justiça. Eles reagiram com bombas de gás lacrimogêneo e Houve correria.

O grupo "dissidente" passou então a percorrer ruas das imediações, atacando carros estacionados, lojas e outros equipamentos.

Em Salvador, a maior estação de ônibus da cidade foi alvo de depredações e a Polícia Militar utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um pequeno grupo de vândalos em meio a 2.000 manifestantes.

Pelo menos dois ônibus foram danificados e a entrada da estação da Lapa foi bloqueada, complicando o trânsito na região.

Um grupo encapuzado colocou fogo em dois containers de lixo e, aos gritos de "passe livre", também obrigou motoristas a permitirem o acesso de usuários sem pagar a passagem.

Em Sergipe, uma equipe da TV Sergipe, afiliada da Rede Globo, foi ameaçada e os pneus do carro da emissora foram esvaziados.

No Rio de Janeiro, um grupo de cerca de 2.000 pessoas, de estimativa da Polícia Militar, fez uma passeata pacífica nesta noite, pela avenida Rio Branco, na região central do Rio.

O grupo seguiu em direção à sede da Fetranspor --federação que reúne as empresas de ônibus do Estado.

A sede da federação fica em um prédio em frente à Alerj (Assembleia Legislativa do Rio), que na segunda-feira (17) foi alvo de depredação e de tentativas de invasão após um outro protesto pelas ruas do centro.

Alguns manifestantes distribuíram panfletos onde se pode ler "afastem-se dos que insistem em vandalizar uma manifestação pacífica".

Em Brasília, a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a Ubes (União Brasileira de Estudantes Secundaristas) realizaram nesta manhã o primeiro ato público na cidade desde o início da onda de manifestações de rua registradas em várias cidades nas últimas semanas.

Com carros de som e ônibus para transporte dos estudantes, as entidades conseguiram reunir cerca de 2.000 pessoas no gramado em frente ao Congresso Nacional, segundo a estimativa da Polícia Militar.

Os organizadores esperavam até 10 mil estudantes. Não houve confronto com policiais. O ato começou às 9h e acabou pouco depois do meio-dia.

Em São Paulo dois grupos de manifestantes voltaram a fechar a rodovia Presidente Dutra na nesta noite. Por volta das 23h, a via já tinha sido liberada. O trecho sul do Rodoanel também foi interditada mais cedo por manifestantes. O bloqueio durou cerca de uma hora e meia no km 40, em Itapecerica da Serra (na Grande São Paulo). Não houve confronto.

Nesta quinta-feira também houve protestos em João Pessoa, Florianópolis, Teresina, Belém e Goiânia.

Para esta sexta-feira (28), há previsão de manifestações em Goiânia, Natal, Vitória, São Paulo, Brasília e Rio, além de outras 15 cidades de interior ou região metropolitana.

COLABORARAM DE SÃO PAULO, DE FORTALEZA, DE PORTO ALEGRE, DE SALVADOR E DE ARACAJU


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