Folha de S. Paulo


Morre jovem que caiu de viaduto durante protesto em Belo Horizonte

O jovem de 21 anos que caiu de um viaduto durante o protesto que reuniu mais de 50 mil pessoas em Belo Horizonte, morreu no final da noite desta quarta-feira (26). A informação foi confirmada pelo Pronto-Socorro João 23, local onde o rapaz foi encaminhado após o acidente.

Douglas Henrique Oliveira caiu ao tentar pular de uma pista para outra do elevado José Alencar durante as manifestações populares realizadas nas imediações do Mineirão.

Os profissionais da Secretaria de Estado de Saúde e do Corpo de Bombeiros fizeram o atendimento do jovem no local do acidente e o transportaram rapidamente para o hospital. Apesar desses esforços, ele não resistiu aos graves ferimentos e morreu por volta das 23h20.

Ao menos outras cinco pessoas já haviam caído do mesmo local em atos anteriores. Por meio de nota, o governador Antonio Anastasia (PSDB) lamentou a morte do jovem.

Ao menos outras nove pessoas ficaram feridas no protesto dessa quarta-feira. Outro jovem, de 28 anos, também caiu do mesmo local mas chegou ao hospital consciente. Seu estado de saúde não foi divulgado pelo centro médico.

PROTESTO

A passeata de 8 km transcorreu de modo pacífico por quatro horas --segundo a PM, 50 mil pessoas participavam do ato no meio da tarde, aos gritos de "sem conflito".

Nas imediações do Mineirão, contudo, centenas de pessoas descumpriram acordo fechado no dia anterior entre governo e líderes do protesto para que a passeata não avançasse por uma das vias de acesso ao estádio.

A confusão começou por volta das 15h30, quando homens com camisetas no rosto arrancaram grades de contenção fixadas nesse ponto e atiraram bombas, paus e pedras contra os policiais. Por um carro de som, um major pedia moderação e que os manifestantes se afastassem dos vândalos.

Como os policiais estavam orientados a manter distância dos manifestantes, respondiam apenas com bombas para tentar dispersar esses grupos, que passaram a vandalizar lojas da região.

Ao menos um posto de combustível, sete concessionárias, uma agência bancária e uma loja de autopeças foram depredadas ou incendiadas --em uma loja da Kia, seis carros foram queimados e dois, depredados.

"O sentimento de revolta é muito grande, nem sei se vou reabrir", disse Bruno Henriques, diretor da concessionária, que estimava o prejuízo em R$ 3 milhões.

A PM disse ter apreendido dois adolescentes que atearam fogo ao local e que filmavam a própria ação. Das 26 pessoas detidas até o início da noite desta quarta, nove haviam sido ouvidas até as 19h30, e apenas um homem de 22 anos, condenado em regime semiaberto, permaneceu preso. Os outros responderiam em liberdade.

A polícia disse ter apreendido com os suspeitos artefatos explosivos, bolas de gude, máscaras, luvas, facas e celulares com mensagens de incentivo à violência.

CHOQUE

Por volta das 18h30, após o público do jogo começar a deixar o local pelo lado oposto do conflito, a tropa de choque avançou para dispersar quem permanecia nas imediações do bloqueio.

Em nota, o governo de Minas disse ter respeitado o acordo prévio e que a PM cumpriu a nova orientação de "manter distância considerável" dos manifestantes, atuando apenas em resposta a "diversos ataques de vândalos e arruaceiros". Cerca de 5.000 policiais foram destacados para atuar na cidade nesta quarta.

Alguns manifestantes começaram a fazer todo o percurso de volta ao centro da capital mineira, onde havia forte presença policial. Por volta das 21h30, as forças policiais jogaram bombas para dispersar cerca de 500 manifestantes que ainda continuavam na região da praça Sete, e o trânsito foi reaberto no local por volta das 22h, após mais de dez horas fechado. (PAULO PEIXOTO e EDUARDO GERAQUE)


Endereço da página:

Links no texto: