Folha de S. Paulo


Protestos voltam a ter violência, saques e depredação no país

A quarta-feira (26) de protestos pelo país foi marcada por atos de violência, saques e depredação. Cerca de 100 suspeitos de participar de atos de vandalismo haviam sido detidos até a noite nas manifestações que reuniram mais de 80 mil pessoas. Em Belo Horizonte, um jovem de 21 anos morreu após cair de um viaduto.

Os manifestantes levantaram bandeiras que foram da redução da tarifa de transporte público a atos contra a "cura gay" aprovada pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.

Em Belo Horizonte (MG), 50 mil pessoas foram às ruas pelo cálculo da Polícia Militar. Pela terceira vez na cidade em menos de 15 dias, vândalos enfrentaram a polícia e promoveram destruição nas imediações do estádio.

Segundo balanço feito pelo governo de Minas às 22h, ao menos 26 pessoas haviam sido presas sob suspeita de participação em atos de vandalismo.

Pelo menos oito pessoas ficaram feridas. Além disso, Douglas Henrique Oliveira, 21, morreu após ser atendido no Hospital João 23, para onde foi levado após cair de um viaduto. Outro jovem, de 20 anos, caiu do mesmo local mas chegou ao hospital consciente. Ao menos outras cinco pessoas já haviam caído do mesmo local em atos anteriores.

Em Brasília, o ato foi bem menor do que o esperado e pacífico durante quase todo o tempo, mas acabou com forte repressão policial --com ao menos 20 pessoas detidas e uso de bombas de gás para evitar cenas de depredação como as ocorridas na violenta manifestação da quinta-feira passada.

Em Vitória (ES), o protesto reuniu 3.500 pessoas e a PM usou bombas para dispersar a multidão. Ao menos, 50 pessoas foram detidas e encaminhadas para o Departamento de Polícia Judiciária.

Além disso, 25 estabelecimentos comerciais foram depredados ou saqueados. O Tribunal de Justiça, que já havia sido alvo de depredação ao longo da manifestação que aconteceu na última quinta-feira (20), voltou a ser atacado por vândalos. O Tribunal Regional Eleitoral também foi depredado.

Em Porto Velho (RO) foram saqueadas ao menos cinco lojas durante os protestos.

Em Teresina (PI), o protesto que reuniu 300 pessoas terminou com o saldo de dois jovens agredidos --um deles foi esfaqueado-- e outro atropelado.

Apesar de não ter havido confronto com a polícia, o protesto foi tenso no Recife (PE). A PM bloqueou a avenida que dá acesso à sede provisória do governo de Pernambuco. Manifestantes jogaram pedras e rojões contra a polícia, que não revidou. Blocos de concreto e um ônibus foram depredados em frente ao prédio da vice-governadoria.

Três pessoas foram detidas. Uma delas é um adolescente de 16 anos, suspeito de soltar fogos contra a polícia e de portar maconha. Manifestantes tentaram ser atendidos pelo governo, mas não formaram uma comissão de dez pessoas, como foi exigido pela Casa Civil.

O mesmo aconteceu em Belém (PA), onde os manifestantes queriam entregar suas reivindicações ao prefeito.

Porto Alegre (RS) foi palco de um "beijaço" contra o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que aprovou projeto da "cura gay".

No Rio de Janeiro, aproximadamente 150 pessoas protestaram na região central, contra o Estatuto do Nascituro e o projeto conhecido como "cura gay". O ato foi pacífico, segundo a Polícia Militar.

Já na capital paulista, cerca de 700 pessoas foram as ruas em três atos que fecharam a avenida Paulista,a rua da Consolação e a estrada de Itapecerica. Não houve registro de confrontos e um grupo encerrou o ato com um "beijaço" na frente da sede do PSC, do deputado Marco Feliciano.

Houve ainda manifestações em Manaus, Maceió, Rio Branco, Cuiabá, Fortaleza, João Pessoa, São Luís e Palmas.

Nesta quinta-feira (27), estão marcados protestos para João Pessoa, Aracaju, Salvador, Fortaleza, Vitória, Florianópolis, Porto Alegre, Teresina, Belém, Rio de Janeiro e Maceió.

COLABORAÇÃO DE BELO HORIZONTE, DE SÃO PAULO, DE PORTO ALEGRE, DE BRASÍLIA, BELÉM, RECIFE, TERESINA, JOÃO PESSOA, VITÓRIA, PORTO VELHO


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