Folha de S. Paulo


Para Paes, protestos não são pela redução do preço das passagens

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), disse nesta segunda (24) que não esperava que a redução do preço das passagens de ônibus freasse as manifestações na cidade.

Na última quinta, dia seguinte ao anúncio, mais de 300 mil pessoas ocuparam o centro do Rio, no maior protesto já realizado no país desde o início das manifestações. Em São Paulo, o mesmo fenômeno aconteceu.

Em vez de acalmar os ânimos, a suspensão do aumento nas passagens levou ainda mais gente às ruas da capital paulista. "Acho que ninguém tinha essa expectativa. Acho que você tinha uma pressão da sociedade e essa pressão das manifestações, ou pelo menos da maioria absoluta das pessoas que, pacificamente, foram às ruas protestar, tinha um pleito objetivo que era a redução das tarifas", disse Paes.

"E tem um momento que você não tem nem como explicar como se chega a esse preço. Então, a suspensão do aumento é uma resposta ao pleito da população. Agora, é óbvio, está claro que esse não é um movimento pela redução do preço da passagem no Rio e em São Paulo. Senão não acontecia nada nas outras cidades, no país todo, como aconteceu."

REUNIÃO

Paes e outras dezenas de prefeitos, entre eles o de São Paulo, Fernando Haddad (PT), se reúnem na tarde desta segunda com a presidente Dilma Rousseff.

Antes, liderados por José Fortunati (PDT), de Porto Alegre, e Haddad eles fazem uma reunião prévia para definir propostas a serem apresentadas à presidente. A reunião será focada em projetos para melhorar a mobilidade urbana, valorizando o transporte público.

Na agenda, também está um pacote de medidas tributárias a serem tomadas para baratear o custo do transporte coletivo, para além do que já foi feito semana passada em diversas capitais.

Além de Dilma, devem participar das conversas os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Saúde, Alexandre Padilha, da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, da Educação, Aloizio Mercadante, e das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, além do secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e do titular da Controladoria Geral da União, Jorge Hage.

Eduardo Paes, que falou com a imprensa antes do início da reunião com os demais prefeitos, defendeu a derrubada de uma resolução do Senado que impede os municípios de se endividarem.

Segundo ele, a medida é essencial para destravar investimentos das prefeituras. "Você tem que permitir que os municípios possam se endividar", disse.

O prefeito diz que o Rio tem capacidade de endividamento de R$ 9 bilhões, mas que está impedido de exercer esse limite por conta de uma resolução anterior à Lei de Responsabilidade Fiscal.


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