Folha de S. Paulo


Em encontros, Passe Livre reforça abaixo-assinado por tarifa zero

O MPL (Movimento Passe Livre) começou a semana com reuniões públicas para esclarecer o que é o grupo, sua pauta e reforçar a campanha de coleta de assinaturas para um projeto de lei que prevê a implantação do transporte gratuito em São Paulo.

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O projeto precisa ter o apoio de 5% do eleitorado da cidade antes de ser apresentado na Câmara de Vereadores, o que equivale a cerca de 430 mil assinaturas.

Desde 2011, o projeto está em andamento, mas o processo foi moroso devido às dificuldades para escrever a parte jurídica, explica a estudante de direito da USP Nina Cappello, 23, membro do grupo.

Segundo ela, o grupo descarta novas manifestações."A gente entende a luta de diversas formas, mas que neste momento não tem sentido chamar grandes mobilizações", afirma Nina.

Ontem, porém, o MPL reafirmou nas reuniões que poderá participar de novos atos. Amanhã, dois protestos estão programadas na capital com o apoio do movimento.

Os encontros de ontem ocorreram à tarde na Vila Madalena (zona oeste), no Tatuapé (zona leste) e em Santo Amaro (zona sul).

Só na Vila Madalena, comparecerem cerca de 300 pessoas. Houve longa fila de espera na porta do espaço Contraponto, cedido para o encontro.

A socióloga Marta Bergamin, 40, afirma que "fez discussão com um grupo de amigos e cada um deles foi para um evento do MPL ouvir as ideias do movimento".

"O país inteiro está discutindo política. Eles trouxeram à tona um debate importante."

Apesar de o grupo propor o abaixo-assinado, uma pesquisa Datafolha, feita na quinta-feira com 551 entrevistas na Paulista, durante o ato que celebrou a redução da tarifa, mostrou que só 25% dos manifestantes acham que a passagem deve de fato ser gratuita.

O MPL ganhou notoriedade ao organizar seis passeatas que levaram o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), a revogarem o aumento das tarifas em São Paulo, na última quarta. O movimento se diz "apartidário, e não antipartidário".

Danilo Verpa/Folhapress
Participantes de palestra organizada pelo Movimento Passe Livre, na Vila Madalena, para discutir seus próximos atos
Participantes de palestra organizada pelo Movimento Passe Livre, na Vila Madalena, para discutir seus próximos atos

CURIOSOS

As reuniões de ontem atraíram curiosos e dois carros da PM, chamada por vizinhos na Vila Madalena. Mas nenhum incidente foi registrado.

A empresária Tita Dias, 56, diz que "aconteceram tantas coisas importantes que esses jovens fizeram que estou aqui para ouvi-los". Ela aguardava pela terceira reunião na Vila Madalena, enquanto o auditório, para 70 pessoas, já estourava a lotação.

Os representantes do movimento pareciam surpresos com a procura. A imprensa não foi autorizada gravar ou fotografar a reunião.

"Eles estão deixando bem claro o que é a pauta deles, a do passe livre", afirmou Letícia Freire, 33, estudante de filosofia, que participou do reunião na Vila Madalena.

Além da tarifa zero, o MPL apoia outras organizações não partidárias, como movimentos de sem-teto.

Colaborou FABIANO MAISONNAVE


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