Folha de S. Paulo


Nos EUA, passe livre fracassa em cidades de tamanho médio

Três cidades médias americanas tentaram manter sistemas de passe livre no transporte público. O que teve maior duração foi o de Austin, em 1990, que funcionou por 15 meses.
No final dos anos 1970, Trenton, capital de Nova Jersey, e Denver, capital do Estado de Colorado, foram pioneiras em tentar oferecer transporte público gratuito, mas revogaram a gratuidade após 12 meses de teste.

Segundo especialistas, os 39 sistemas gratuitos de transporte público que funcionam no país foram implementados em cidades com menos de 200 mil habitantes ou em bairros universitários.

Para Joel Volinski, diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Transportes da Universidade do Sul da Flórida, autor de estudo sobre a gratuidade nas tarifas, a oferta de ônibus gratuito pode triplicar o número de passageiros.

"Muita gente começa a usar o sistema para viagens curtas, então os ônibus ficam muito mais cheios que de costume", diz Volinski.

De acordo com o pesquisador, os ônibus em Denver, Austin e Trenton ficaram superlotados e mais lentos com a mudança, o que desagradou a motoristas e a passageiros tradicionais. Com isso, as cidades voltaram atrás.

Para ele, a gratuidade gerou forte queda na qualidade dos serviços devido ao despreparo para aumento no uso.

Também houve brigas entre passageiros devido às viagens constantes feitas por adolescentes. "Eles estavam sendo apenas adolescentes, provavelmente sem agredir ninguém, mas havia gritaria, gente pulando em excesso e passageiros mais velhos reclamaram muito."

As experiências em Trenton (à época, com 90 mil habitantes) e em Denver (com 490 mil em 1978) foram patrocinadas por uma agência federal de Transporte Público. Já em Austin, que tinha 340 mil habitantes em 1990, foi financiada por um imposto local.

San Francisco, em 2008 (800 mil), e Portland, (583 mil) em 1999, estudaram a possibilidade de transporte gratuito, mas preferiram investir em novos veículos, melhores pontos e na integração de sistemas de ônibus e metrô.

EXEMPLOS BEM-SUCEDIDOS

Algumas cidades americanas, porém, dão gratuidade no transporte público em suas áreas centrais, como Cleveland, Pittsburgh e Salt Lake City, desde os anos 80.

Nesses casos, como boa parte da população mora no subúrbio, o sistema é pago pelas viagens fora da área central (onde se cobra passagem) e a circulação no centro é gratuita, para desestimular o uso do carro.

Seattle e Portland fizeram o mesmo, mas abandonaram recentemente essa gratuidade localizada por conta de cortes no orçamento.


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