Folha de S. Paulo


Entidades apontam agressões contra jornalistas em atos no Brasil

A organização RSF (Repórteres Sem Fronteiras) afirmou nesta sexta-feira que aproximadamente vinte jornalistas foram agredidos no Brasil pela polícia ou manifestantes durante a onda de protestos que vem ocorrendo em diversas cidades do país.

A RSF disse que a crítica aos meios de comunicação e sua cobertura "não autoriza em absoluto as expressões de ódio" contra os informadores e ainda menos as agressões físicas, e alertou que os episódios de violência registrados são "transbordamentos perigosos para o exercício das liberdades públicas".

Segundo a entidade, a maior parte das agressões sofridas por jornalistas presentes nas manifestações "são atribuíveis à Polícia Militar", mas "alguns manifestantes" também demonstraram hostilidade ao questionar "o modelo midiático dominante", disse a organização defensora da liberdade de imprensa.

Em São Paulo, Caco Barcellos, da "Rede Globo", foi agredido por manifestantes, um grupo de radicais destruiu veículos da "TV Record" e do "SBT", e Rita Lisauskas, da TV Bandeirantes, foi atingida no rosto por vinagre arremessado por manifestantes.

Além disso, em Niterói, no Rio, o jornalista Vladimir Platonow, da Agência Brasil, foi agredido pela polícia.

Nessa mesma cidade, o câmera Murilo Azevedo, do grupo Empresa Brasil de Comunicação, ficou ferido por uma granada de gás lacrimogêneo da polícia. No Rio de Janeiro, em frente à prefeitura, o repórter Pedro Vedova, da "Globonews", foi atingido por uma bala de borracha lançada pela polícia.

O CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas) também publicou uma nota em seu site sobre a violência contra jornalistas durante os protestos no Brasil. Segundo o comitê, ao menos 25 profissionais relataram terem sido atacados ou detidos nas manifestações das duas últimas semanas.

"Os jornalistas que cobrem os protestos em massa no Brasil estão realizando uma função democrática fundamental, informando os cidadãos brasileiros sobre eventos de profundo interesse público", disse Carlos Lauria, coordenador sênior do programa do CPJ para as Américas.

"Tanto a polícia como os manifestantes devem respeitar o seu trabalho e permitir que continuem exercendo a profissão sem interferência. As autoridades devem garantir a segurança de todos os jornalistas que cobrem os protestos e deve investigar minuciosamente todos os ataques".

A publicação citou Pedro Vedova, repórter da GloboNews, ferido por uma bala de borracha, e Piero Locatelli, repórter da revista Carta Capital, e Fernando Borges, fotógrafo do portal Terra, Pedro Ribeiro Nogueira, repórter do Portal Aprendiz, entre os jornalistas detidos, assim como Leandro Machado, da Folha. Ao todo, sete jornalistas da Folha ficaram feridos durante o protesto do dia 13.

O CPJ aponta ainda que "o aumento acentuado da violência ao longo dos últimos dois anos tornou o Brasil um dos países mais perigosos para jornalistas em todo o mundo, segundo a pesquisa do CPJ".


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