Folha de S. Paulo


Servidores dão abraço simbólico no Palácio do Itamaraty, em Brasília

Cerca de mil servidores do Ministério das Relações Exteriores deram um abraço coletivo simbólico no Palácio do Itamaraty, na tarde desta sexta-feira (21). Entre eles estava o ministro Antonio Patriota. O ato foi uma resposta aos ataques de manifestantes ao palácio, ontem, durante os protestos que reuniram 40 mil pessoas em Brasília.

Segundo informações do Itamaraty, 25 vidraças da fachada frontal do palácio foram destruídas. Um grupo chegou a entrar no palácio, e conseguiu pichar uma das paredes. Um coquetel molotov chegou a ser arremessado por um manifestante contra o prédio, mas as chamas foram contidas por policiais.

Manifestantes também ocuparam o espelho de água em frente ao edifício. O ato foi condenado por Antonio Patriota, que se disse indignado. Em nota oficial, o ministério afirmou "deplorar os atos de violência e depredação".

Sérgio Lima/Folhapress
O Ministro das Relacões Exteriores, Antonio Patriota, participa de abraço simbólico no Palácio Itamaray, em Brasília
O Ministro das Relacões Exteriores, Antonio Patriota, participa de abraço simbólico no Palácio Itamaray, em Brasília

"O Ministério das Relações Exteriores continua a saudar as reivindicações legítimas dos manifestantes e conclama todos a exercerem seu direito constitucional de forma pacífica e sem violência", diz a nota.

Os danos causados pelo protesto de quinta-feira no palácio estão sendo analisados nesta manhã por peritos.

Os eventuais prejuízos serão listados em um laudo técnico que deve ser concluído em até cinco dias. A direção-geral da Polícia Federal avalia a abertura de inquérito, segundo informou a "Agência Brasil".

PROTESTOS

Mesmo após a redução em série das tarifas de ônibus, principal reivindicação dos protestos que tomaram conta do país, novos atos levaram mais de 1 milhão de pessoas às ruas em cerca de cem cidades. Hoje há previsão de atoes em cerca de 60 municípios.

No 14° dia de manifestações, cenas de violência e vandalismo foram registradas em 13 das 25 capitais, que tiveram protestos. Ocorreram ataques ou tentativas de invasão a órgãos dos Três Poderes em nove cidades. Ações de repúdio a partidos políticos foram recorrentes.

Em Brasília, que contabilizou mais de 50 feridos, um grupo quebrou os vidros do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores e houve princípio de incêndio. Dois ministérios foram pichados, e o Banco Central teve vidraça danificada.

"Foi um ato de vandalismo que não pode se repetir. Eu conclamaria a todos os manifestantes que observassem a calma e que respeitassem o patrimônio da nação", disse o chanceler Antonio Patriota à rádio CBN. "Fiquei muito indignado com o que ocorreu."

No Rio, o protesto reuni 300 mil pessoas e terminou num grande confronto que se espalhou pelo centro e terminou com mais de 60 feridos. Agressores chegaram a atacar um veículo blindado da Polícia Militar, conhecido como "caveirão".

Em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), pelo menos 25 mil pessoas foram às ruas na quinta-feira (20) para protestar. O estudante Marcos Delefrate, 18, morreu após ser atropelado por um carro que furava um bloqueio de manifestantes --a primeira morte desde que começou a escalada de protestos, há duas semanas. Outras três pessoas ficaram feridas, uma delas em estado grave. O motorista está foragido.

Em São Paulo, a comemoração pela redução da tarifa, de R$ 3,20 para R$ 3, foi marcada por hostilidades de manifestantes contra membros de partidos políticos como PT, PSOL e PSTU. A multidão gritava "fora, partidos, vocês querem o povo dividido". Os petistas, o maior grupo, deixaram o ato.

O Movimento Passe Livre (MPL) emitiu nota no início da madrugada desta sexta-feira em repúdio aos atos de violência contra partidos políticos durante as manifestações. Às 20h, mais de 110 mil pessoas se reuniam na avenida Paulista, segundo o Datafolha.

Petistas foram expulsos do ato, que reuniu 110 mil pessoas às 20h, segundo o Datafolha.


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