Folha de S. Paulo


Beltrame admite possíveis abusos da polícia durante protesto no Rio

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, admitiu possíveis abusos da polícia durante o protesto de ontem e disse que eles vão ser investigados. Para ele, porém, é necessário o uso da força diante de atos de vandalismo.

Não há, no entanto, a intenção de coibir previamente a realização de manifestações. "Não podemos cercear a liberdade de ir e vir --tanto de manifestantes como dos demais cidadãos", disse.

Beltrame afirmou ainda que é obrigação da polícia defender a ordem, a lei e o patrimônio público e privado.

O coronel Pinheiro Neto, chefe do Estado Maior da PM, disse que não houve abuso da corporação nas sedes das faculdades de direito e filosofia e que manifestantes não foram encurralados lá por policiais.

Neto disse ter ido pessoalmente aos locais e negociado com representantes da OAB e do Ministério Público para que os jovens passassem a noite no local, já que não havia mais transporte após o clima se acalmar no entorno.

O policial acrescentou que os "boatos na rede social" dizendo que a PM acuou os estudantes têm por objetivo prejudicar a imagem da corporação. Para Beltrame, é preciso "não demonizar" a policia, apesar dos excessos.

Sobre a repressão policial na frente do hospital Souza Aguiar, no centro, o coronel disse que ela foi necessária porque manifestantes atiravam pedras contra policias. Os PMs reagiram com bombas de pimenta e gás. O hospital recebeu a maior parte dos feridos nos confrontos.

SEM CONTROLE

Sobre os protestos de ontem, Beltrame reconheceu que "tivemos uma situação complexa que não conseguimos controlar".

O secretário afirmou, porém, que o setor de inteligência tinha informações de mais três pontos de possíveis confrontos, além da prefeitura. Neles, ressaltou, nada ocorreu, assim como no Maracanã.

Beltrame disse não acreditar que "uma minoria" fosse capaz de deixar o rastro de estragos e destruição vistos na ruas da cidade hoje. "Não sei se uma minoria seria capaz de fazer o Rio amanhecer como amanheceu".

Segundo a chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, oito pessoas foram detidas por saques e porte de artefatos explosivos. Três deles eram menores.

No protesto anterior, que culminou em quebra-quebra em frente à Assembleia do Rio, dois homens foram identificados por fotos e perícia de imagens tentando invadir a assembleia e agredindo policiais.

A polícia, diz, pediu a prisão no plantão do Judiciário, mas ela foi negada. Outro requerimento para a prisão de um deles foi feito à Justiça com base no laudo pericial de imagens e foi aceito. O suposto vândalo, porém, não foi localizado.

Beltrame disse considerar baixo o número de presos diante do tamanho das manifestações de de seu grau de violência. "Mas precisamos cumprir os requisitos da Justiça. Não podemos prender com base em uma foto apenas".

O secretário de Segurança do Rio disse também que, se for preciso, o Exército poderá auxiliar a polícia nas manifestações.

A Força, diz, não foi utilizada para conter protestos, mas há um reforço de tropas do Exército no Rio por conta da Copa das Confederações.

"Temos uma parceria antiga com o Exército e o Ministério da Defesa [na ocupação do complexo do Alemão, por exemplo, podemos pedir sua participação. Na Copa das Confederações, o Exército tem seu papel específico."


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