Folha de S. Paulo


Polícia localiza carro de suspeito de atropelar e matar manifestante em SP

A Polícia Civil de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) localizou no final da noite de quinta-feira (20) o carro de Alexsandro Ishisato de Azevedo, suspeito de atropelar e matar um manifestante durante protesto na cidade. O veículo, um Land Rover, foi apreendido na casa dele, em um condomínio fechado no bairro Jardim Botânico, região nobre da cidade.

De acordo com a polícia, o motorista chegou na residência minutos depois do crime, pegou o carro da irmã, um VW Gol, e fugiu. Até o começo da manhã desta sexta-feira, Alexsandro seguia foragido.

Sua prisão temporária já foi decretada. Se preso, ele responderá pelos crimes de homicídio doloso (quando há a intenção de matar), lesão corporal grave e omissão de socorro.

Além de matar um manifestante, Alexsandro é suspeito de ferir outros três durante o protesto que reuniu ontem em Ribeirão Preto pelo menos 25 mil pessoas.

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O CRIME

O grupo foi atropelado na avenida João Fiúsa logo após o motorista furar o bloqueio montado por manifestantes na via. O estudante Marcos Delefrate, 18, morreu no local.

Até o momento do atropelamento, a manifestação ocorria de forma pacífica na cidade.

Entre os outros três atropelados, o ativista José Felipe Braga, 19, foi encaminhado à UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) Central em estado grave.

Outras duas manifestantes --Pabline Luana Lalluci, 21, e Nicole Rogéria Moreira, 19-- sofreram fraturas e foram atendidos em outros prontos-socorros. Segundo a polícia, elas são de Pontal (cidade vizinha de Ribeirão e a 351 km de SP).

'SEM VIOLÊNCIA'

Vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento do atropelamento. Os manifestantes gritavam "sem violência" quando o Land Rover se aproximou deles na avenida. O carro foi cercado então pelos ativistas, que começaram a gritar "volta, volta".

O motorista deu marcha-ré, mas depois avançou novamente o veículo na direção dos manifestantes. Neste momento, ele foi ofendido pelos ativistas e, segundo a Polícia Militar, ao menos um deu um soco no carro.

Foi então que ele acelerou o Land Rover e atropelou o grupo dos manifestantes. Na sequência, o motorista fugiu sem prestar socorro, segundo a polícia.

Testemunhas anotaram a placa do Land Rover que, segundo a PM, está em nome de uma empresa.

PM relataram à Folha que Azevedo estava acompanhado de uma mulher e uma criança dentro do veículo.

RELIGIOSO

Segundo familiares e amigos de Delefrate, o estudante cursava o terceiro ano do ensino médio na escola estadual Otoniel Mota, tradicional colégio de Ribeirão.

"Não queria que meu filho fosse [ao protesto]", afirmou a mãe do estudante à Folha na porta da UBDS, antes de saber que Delefrate tinha morrido.

Sem dar seu nome à reportagem, ela entrou na unidade de saúde. Foi quando a Folha ouviu os gritos de desespero da mulher ao receber a notícia.

Conhecido como Markin, Delefrate era católico e frequentador da paróquia Santo Estevão, no Ipiranga, bairro da periferia localizado na zona norte de Ribeirão. Lá, tocava violão com grupos católicos da igreja havia quatro anos.

"Era muito tranquilo e tímido e por isso o trouxemos para o grupo musical", disse Maurício da Silva Gomes, 46, que foi professor de catequese de Delefrate.


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