Folha de S. Paulo


Termina protesto em Caraguatatuba (SP); Tamoios é liberada

Depois de um protesto que durou cerca de cinco horas, manifestantes resolveram encerrar o ato contra o preço do transporte público em Caraguatatuba, no litoral norte de São Paulo.

O grupo que chegou a reunir 3.000 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, terminou a ação em frente ao posto da Polícia Rodoviária Estadual, na rodovia dos Tamoios.

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A estrada ficou interditada por uma hora e meia, o que causou congestionamento no trecho de serra com veículos que chegavam ao litoral, e em Caraguatatuba, para quem tinha como destino a região do planalto.

Logo após a liberação, apenas uma pista ficou livre para o tráfego de veículos, enquanto os participantes utilizavam a via contrária para retornar ao centro da cidade. A polícia rodoviária e os agentes municipais de trânsito fizeram um esquema especial para permitir a passagem dos carros que estavam parados durante a passeata.

A manifestação foi pacífica e não houve registro de vandalismo nem violência. Policiais acompanharam as atividades durante todo o período e contaram em muitos momentos com a colaboração dos manifestantes.

Quando passaram em frente ao hospital, por exemplo, todos os participantes ficaram em silêncio para não causar transtornos aos pacientes internados.

O objetivo principal do manifesto foi a reivindicação da baixa no preço das passagens do transporte urbano, que hoje custa R$ 3.

No encerramento, os manifestantes fizeram um círculo, colocaram todos os cartazes e faixas levados durante o protesto e cantaram o hino nacional.

Eles marcaram outro manifesto para terça-feira, com destino à sede do Legislativo municipal, caso o preço do transporte não seja reduzido.

Caraguatatuba é a única cidade do litoral norte que não alterou o valor do transporte público esta semana, após o início dos manifestos em várias regiões do país.

PELO PAÍS

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.

No Rio, o protesto ficou tenso no início da noite. O problema ocorreu com chegada dos manifestantes em frente à prefeitura, no centro da cidade, ponto final da passeata.

Por volta das 18h50, morteiros foram disparados pelos manifestantes. Em resposta, a polícia disparou bombas de efeito moral. A cavalaria da PM avançou para dispersar pessoas que tentavam invadir a sede da administração municipal.

Em Natal (RN), cerca de 400 pessoas entraram no Centro Administrativo do Estado, que reúne os principais órgãos públicos. Houve concentração de manifestantes em frente à Governadoria.

Um grupo menor, de rostos tapados, queimou objetos, formando uma fogueira na frente da rampa de acesso ao prédio. Também arrancaram placas de sinalização e começaram a jogar algumas na fogueira.

Bombas e pedras foram atiradas contra os policiais. A polícia revidou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve prisões.

Manifestantes tentaram invadir, em Fortaleza (CE), o Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará, e depredaram o prédio. O local virou uma praça de guerra entre vândalos e Polícia Militar, com balas de borracha de um lado e coquetéis molotov de outro. Ao menos 30 pessoas foram presas, segundo a PM.

Também foram registradas situações de confrontos e depredações em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Salvador (BA), Vitória (ES), Belém (PA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Teresina (PI) e Macapá (AP).

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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