Folha de S. Paulo


Protestos no Macapá (AP) terminam em confronto; 22 são detidos

Manifestantes e policiais entraram em confronto na noite desta quinta-feira (20) durante um novo protesto em Macapá (AP). Ao menos 22 pessoas foram detidas, segundo a Secretaria da Segurança Pública.

O protesto começou por volta das 16h. Após se reunirem na praça da Bandeira, manifestantes saíram em passeata pelas ruas próximas.

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Cerca de mil pessoas participaram do protesto, que começou pacífico, mas terminou em confronto.

Houve tumulto. Lojas foram depredadas. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) dispararam tiros de bala de borracha e usaram gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

"Algumas pessoas começaram a atirar pedras e paus na polícia, e para evitar uma depredação como ocorreu ontem, houve esse contato maior", afirma o secretário de Segurança Pública do Amapá, Marcos Roberto da Silva.

Ainda não havia informações sobre feridos até a publicação desta reportagem. Na quarta-feira (19), ao menos 11 pessoas foram encaminhadas ao Hospital de Emergência de Macapá após confronto durante um protesto por melhorias no transporte público e na área da saúde.

PELO PAÍS

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.

No Rio, o protesto ficou tenso no início da noite. O problema ocorreu com chegada dos manifestantes em frente à prefeitura, no centro da cidade, ponto final da passeata.

Por volta das 18h50, morteiros foram disparados pelos manifestantes. Em resposta, a polícia disparou bombas de efeito moral. A cavalaria da PM avançou para dispersar pessoas que tentavam invadir a sede da administração municipal.

Em Natal (RN), cerca de 400 pessoas entraram no Centro Administrativo do Estado, que reúne os principais órgãos públicos. Houve concentração de manifestantes em frente à Governadoria.

Um grupo menor, de rostos tapados, queimou objetos, formando uma fogueira na frente da rampa de acesso ao prédio. Também arrancaram placas de sinalização e começaram a jogar algumas na fogueira.

Bombas e pedras foram atiradas contra os policiais. A polícia revidou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve prisões.

Manifestantes tentaram invadir, em Fortaleza (CE), o Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará, e depredaram o prédio. O local virou uma praça de guerra entre vândalos e Polícia Militar, com balas de borracha de um lado e coquetéis molotov de outro. Ao menos 30 pessoas foram presas, segundo a PM.

Também foram registradas situações de confrontos e depredações em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Salvador (BA), Vitória (ES), Belém (PA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Teresina (PI) e Macapá (AP).

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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