Folha de S. Paulo


Belo Horizonte (MG) tem manifestação tranquila com 20 mil nas ruas

A noite de quinta-feira (20) no centro de Belo Horizonte foi marcada pela manifestação pacífica que se estendeu até por volta das 22h. Cerca de 20 mil pessoas participaram das manifestações, segundo a Polícia Militar.

Apenas uma ocorrência havia sido registrada pela PM até o final da noite. Quando os manifestantes marchavam em direção à região sul da cidade, um homem tentou roubar o celular de um manifestante.

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Mais uma vez, os partidos políticos foram rejeitados no protesto de BH. Ainda assim, duas bandeiras do PSTU e duas do PCR, permaneceram hasteadas durante toda a manifestação, que foi até a Câmara Municipal, na zona leste, e retornou ao centro da cidade.

Durante todo o trajeto, os manifestantes gritavam "sem violência", sempre que algum sinal de discórdia surgia dentro da multidão. Foram dois momentos de corre-corre logo no começo da marcha.

Outro momento de tensão foi quando um integrante da Turma do Chapéu, um grupo da juventude do PSDB, saiu do carro e ficou aplaudindo a marcha.

Reconhecido por alguns dos manifestantes, Gabriel Azevedo, secretário da Juventude do governo de Minas, passou a ser hostilizado. Os insultos duraram cerca de dez minutos, mas terminou sem incidentes.

Na Câmara Municipal, mais uma vez foi pedido aos manifestantes que não agissem com violência e que nenhuma minoria iria atrapalhar a marcha, que contava com carro de som cedido pelo sindicato dos professores estaduais.

Alguns manifestantes chegaram a subir no teto da cobertura da entrada principal do prédio. Quando a marcha voltou a andar todos desceram. Na entrada do Legislativo municipal havia apenas três PMs.

Durante todo o trajeto, os manifestantes condenaram a PEC 37, que tenta retirar o poder de investigação do Ministério Público, pediram passe livre no transporte público, melhor saúde e educação e criticaram os gastos com a Copa. O projeto de "cura gay", aprovado em comissão na Câmara dos Deputados, também foi muito criticado.

Os manifestantes demonstraram que não aceitam apenas a redução de cinco centavos proposta pela prefeitura e prometeram ocupar o plenário da Câmara Municipal na próxima semana.

PELO PAÍS

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.

No Rio, o protesto ficou tenso no início da noite. O problema ocorreu com chegada dos manifestantes em frente à prefeitura, no centro da cidade, ponto final da passeata.

Por volta das 18h50, morteiros foram disparados pelos manifestantes. Em resposta, a polícia disparou bombas de efeito moral. A cavalaria da PM avançou para dispersar pessoas que tentavam invadir a sede da administração municipal.

Em Natal (RN), cerca de 400 pessoas entraram no Centro Administrativo do Estado, que reúne os principais órgãos públicos. Houve concentração de manifestantes em frente à Governadoria.

Um grupo menor, de rostos tapados, queimou objetos, formando uma fogueira na frente da rampa de acesso ao prédio. Também arrancaram placas de sinalização e começaram a jogar algumas na fogueira.

Bombas e pedras foram atiradas contra os policiais. A polícia revidou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve prisões.

Manifestantes tentaram invadir, em Fortaleza (CE), o Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará, e depredaram o prédio. O local virou uma praça de guerra entre vândalos e Polícia Militar, com balas de borracha de um lado e coquetéis molotov de outro. Ao menos 30 pessoas foram presas, segundo a PM.

Também foram registradas situações de confrontos e depredações em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Salvador (BA), Vitória (ES), Belém (PA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Teresina (PI) e Macapá (AP).

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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