Folha de S. Paulo


Protestos em Manaus (AM) reúnem 85 mil e terminam com detidos

Cerca de 85 mil pessoas se reuniram em protesto nas ruas de Manaus (AM) nesta quinta-feira (20). De acordo com a Polícia Militar, um ônibus foi depredado e outros dois foram queimados por um grupo de manifestantes no bairro Compensa. Não houve feridos.

Em frente à Prefeitura de Manaus, outro grupo atirou pedras contra o edifício. Lixeiras foram reviradas, e a população ateou fogo ao lixo.

Ainda de acordo com a PM, esse grupo se dispersou rapidamente e não chegou a entrar em confronto com os policiais.

O tenente-coronel da Polícia Militar Peter Schimidt declarou que tenta identificar os responsáveis e que algumas pessoas foram detidas. Ainda não há informação sobre o número exato de suspeitos.

O policial militar afirma que apenas um pequeno número de manifestantes atuou de forma violenta e não houve tentativa de invasão à prefeitura.

Durante a tarde, o trânsito nas avenidas Eduardo Ribeiro e Getúlio Vargas, as principais da capital manauara, foi interrompido.

Grande parte dos manifestantes levantava cartazes contra o valor das passagens de ônibus na cidade, que custam R$ 2,90. O valor foi reduzido em dez centavos pela prefeitura no dia 10, antes de Manaus entrar na rota das grandes manifestações que se espalharam pelo país.

O primeiro ato contra o valor das tarifas em Manaus ocorreu no dia 13 e, assim como hoje, terminou com manifestantes detidos.

PELO PAÍS

As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.

Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.

Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.

Em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.

No Rio, o protesto ficou tenso no início da noite. O problema ocorreu com chegada dos manifestantes em frente à prefeitura, no centro da cidade, ponto final da passeata.

Por volta das 18h50, morteiros foram disparados pelos manifestantes. Em resposta, a polícia disparou bombas de efeito moral. A cavalaria da PM avançou para dispersar pessoas que tentavam invadir a sede da administração municipal.

Em Natal (RN), cerca de 400 pessoas entraram no Centro Administrativo do Estado, que reúne os principais órgãos públicos. Houve concentração de manifestantes em frente à Governadoria.

Um grupo menor, de rostos tapados, queimou objetos, formando uma fogueira na frente da rampa de acesso ao prédio. Também arrancaram placas de sinalização e começaram a jogar algumas na fogueira.

Bombas e pedras foram atiradas contra os policiais. A polícia revidou com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve prisões.

Manifestantes tentaram invadir, em Fortaleza (CE), o Palácio da Abolição, sede do governo do Ceará, e depredaram o prédio. O local virou uma praça de guerra entre vândalos e Polícia Militar, com balas de borracha de um lado e coquetéis molotov de outro. Ao menos 30 pessoas foram presas, segundo a PM.

Também foram registradas situações de confrontos e depredações em Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Salvador (BA), Vitória (ES), Belém (PA), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Teresina (PI) e Macapá (AP).

Após as manifestação, a presidente Dilma Rousseff (PT) decidiu convocar uma reunião de emergência para as 9h30 de amanhã com seus principais ministros para discutir os efeitos das manifestações por todo o Brasil.

Na reunião, Dilma irá avaliar relatos da extensão dos atos nas cidades brasileiras. A partir daí será decidida uma conduta de governo, como por exemplo medidas ao alcance do Ministério da Justiça ou até um pronunciamento oficial da presidente.


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