Folha de S. Paulo


Protesto em Brasília deixa 35 feridos; 3 estão em estado grave

Os protestos desta quinta-feira (20) em Brasília deixou 35 pessoas feridas, sendo três em estado grave.

De acordo com informações do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), 11 manifestantes foram levados para três hospitais da capital federal: Hospital de Base, HUB (Hospital Universitário de Brasília) e HRAN (Hospital Regional da Asa Norte).

Veja o mapa dos protestos que acontecem pelo país
Manifestantes entram em confronto na av. Paulista; homem fica ferido

Três dos feridos estão em estado grave: um homem teve traumatismo facial e possível comprometimento ocular; uma mulher com corte na artéria da perna e um homem com traumatismo craniano.

Um policial também foi levado ao hospital com um corte na cabeça. Pelo menos outros três militares ficaram feridos durante o confronto com manifestantes.

Por diversas vezes na noite desta quinta, manifestantes entraram em confronto com policiais na Esplanada dos Ministérios. A entrada do Ministério das Relações Exteriores ficou destruída.

Depois da tentativa de invasão do Itamaraty, a PM passou a adotar a estratégia de lançar bombas de gás a todo momento que manifestantes se aproximam do Congresso. O objetivo é dispersar de vez a multidão.

CONFRONTO

Depois de duas horas de manifestação sem conflitos em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que mantém posição para impedir o avanço do grupo.

Policiais militares que protegem o Congresso Nacional, em Brasília, arremessaram pelo menos dez bombas de gás lacrimogêneo no meio da multidão de 30 mil pessoas que participava do protesto em frente ao Legislativo. As bombas foram lançadas contra o grupo de manifestantes que agia pacificamente.

Pouco antes, um grupo mais radical lançava bombas contra os policiais. Essas bombas não provocaram ferimentos, já que elas se limitam a fazer um forte estrondo.

Com a ação da PM, a multidão se dispersou e agora começa a se concentrar em outros dois prédios públicos. Um grupo já tomou controle da ponte que liga a pista da Esplanada ao Palácio do Itamaraty. Um pequeno cordão policial tenta impedir a entrada dos manifestantes no palácio, que é a sede do Ministério das Relações Exteriores.

Do outro lado da Esplanada, um grupo se concentra em frente ao Ministério da Justiça. No gramado do Congresso, há pelo menos quatro focos de fogo, provocado por fogueiras improvisadas pelos manifestantes com a queima de cartazes.

O clima geral entre os manifestantes é de raiva contra a ação da polícia. Antes do lançamento das bombas de gás, a maioria dos manifestantes vaiava a ação dos radicais. Um grupo chegou a se sentar no chão, em protesto contra os que provocavam os policiais.

Um manifestante foi encontrado já nas dependências da Câmara. Ele está sendo assistido por quatro defensores públicos. Ele deverá prestar depoimento e será liberado.

SEM IDENTIFICAÇÃO

Parte dos policiais militares que acompanham a passeata dos manifestantes na tarde desta quinta-feira (20) está sem identificação com nome e patente no colete. A PM estima que 20 mil pessoas protestam na capital federal.

Questionado pela Folha, sargento diz que não está identificado "porque não quer".

Os manifestantes atiraram, no início da noite, duas bombas nos policiais que reagiram com spray de pimenta.

Além da tropa que faz uma espécie de cordão de isolamento na Esplanada dos Ministérios, a cavalaria e o Batalhão de Operações com cães tentam impedir a entrada dos manifestantes no Congresso.

A ordem é bloquear todos os acessos, inclusive os que levam às cúpulas da Câmara e do Senado. O coronel Jahir Lobo, chefe de Operações da PM, diz que pode empregar até 3.500 homens na operação.

Para forçar os manifestantes a seguirem para o gramado do Congresso, evitando aproximação da marquise, policiais montam uma barreira humana na diagonal.

A segurança aumenta a medida que os manifestantes se aproximam do Congresso.

No gramado, onde já estão os manifestantes da linha de frente, um cordão de policiais militares busca impedir que o grupo chegue ao segundo espelho d'água.

Desafiando a resistência de partidos políticos, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) estão no gramado, acompanhados de quatro índios.

PAUTA

A pauta de protesto em Brasília é bastante variada. Muitas pessoas marcham com cartazes bem-humorados em punho. "Na Arábia Saudita, ladrão é decepado. No Brasil, é deputado", diz cartaz de manifestante.

Um dos posters mais originais faz referência à geração Coca-Cola: uma garrafa do refrigerante derrama manifestantes em frente ao Congresso. "A gente luta pelo que não tem. Minha mãe precisa de atendimento hospitalar público e não temos. Estou aqui por isso", diz o criador do cartaz, Hudson Limiro, 22.


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