Folha de S. Paulo


Grafite de protesto da dupla 'osgemeos' é removido da praça Roosevelt

Os irmãos grafiteiros Otávio e Gustavo Pandolfo, conhecidos como 'osgemeos', tiveram um dos seus mais recentes grafites apagado nesta quinta-feira, em São Paulo.

A arte que ilustrava uma parede da praça Roosevelt, região central, fazia referência à música que foi hino de resistência do movimento contra a ditadura durante o Regime Militar: "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré.

Os irmãos são conhecidos internacionalmente por seus trabalhos com grafite.

A obra encoberta por tinta havia sido feita no último domingo, três dias após a quarta manifestação organizada pelo Movimento Passe Livre, que culminou em mais de cem feridos após a ação da polícia.

Na rede social Facebook, os artistas responsabilizaram a prefeitura pelo desaparecimento do grafite e afirmam ter seu trabalho censurado. "Estamos passando por um momento histórico em nosso país e infelizmente a censura e o desrespeito com a arte e o povo brasileiro ainda continuam...!!", diz a mensagem.

Reprodução/Facebook/Os-Gemeos
Grafite dos irmãos 'osgemeos' feito na praça Roosevelt, centro de São Paulo, e apagado após quatro dias
Grafite dos irmãos 'osgemeos' feito na praça Roosevelt, centro de São Paulo, e apagado após quatro dias

Outros três trabalhos d'osgemeos haviam sido apagados de espaços públicos da cidade no último mês. Na ocasião, a Subprefeitura da Sé confirmou ser responsável pela remoção dos grafites e disse que tentava estabelecer um diálogo com os artistas. "Parece que não tem conversa", disse Otávio à Folha.

Em entrevista à Folha na semana passada, o coordenador da equipe responsável por apagar as pichações do centro descartou que outras obras da dupla fossem encobertas. "Em trabalho deles a gente não mexe mais. Só se tiver um pedido do governo por escrito", disse João Carlos de Oliveira, da Florestana, empresa contratada para o trabalho.

Procurada, a subprefeitura negou ter mandado remover a arte dos irmãos da praça Roosevelt. Em nota, ela disse que apenas "casos de grafite que contenham palavras de baixo calão e declarações ofensivas aos direitos humanos é que são submetidos a uma análise" para ser decidido se devem ser apagados.


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