Folha de S. Paulo


Após queda na tarifa, Curitiba reúne 3.000 pessoas em protesto

Após o anúncio de redução na passagem de ônibus, feito na tarde desta quinta-feira (20), Curitiba vive mais uma noite de protestos.

Com chuva e frio, o ato de hoje reunia cerca de 3.000 pessoas até as 19h, segundo a PM. Na segunda-feira (17), foram 10 mil participantes. Não havia registro de vandalismo ou violência.
A passeata saiu da Boca Maldita, no centro da cidade, e bloqueia algumas ruas da região central.

Houve divisão da passeata por volta das 18h30. Um grupo de manifestantes que carregava bandeiras de partidos e sindicatos foi hostilizado por outros participantes, que gritavam "sem partidos" e "fora politicagem". Não houve violência, e os grupos se separaram espontaneamente, em dois trajetos diferentes pelo centro.

Cerca de 20 minutos depois, os blocos voltaram a se unir na passeata.

"O partido é uma realidade dada. É nosso direito e dever estar aqui", afirma o estudante de filosofia e filiado ao PCB, Luis Henrique Alves de Paula, 19, que acompanhava um grupo de cerca de 30 pessoas da Juventude do PCB.

Hoje, a prefeitura anunciou que a passagem custará R$ 2,70 a partir de julho. O preço atual é R$ 2,85.

A Frente de Luta pelo Transporte de Curitiba, que organiza os protestos, porém, reivindica tarifa a R$ 2,60. Os organizadores dizem que continuarão a fazer as passeatas -além do ato de hoje, há outro programado para amanhã.

"[A redução] é com certeza um avanço, mas a pauta do movimento [tarifa a R$ 2,60] continua", disse a estudante Clarissa Viana, 22, uma das representantes da frente. "Se a população continuar na rua, a tarifa pode sim ser alterada."

O ato de hoje é o quarto manifesto pela redução da tarifa em Curitiba na última semana.

Mais uma vez, os manifestantes aproveitam o ato para protestar também contra a corrupção e os gastos públicos na Copa do Mundo, entre outros temas.

"A tarifa é só o começo. O negócio precisa mudar em Brasília, e não só aqui", diz a fotógrafa Elis Alves, 37, que participava do protesto acompanhada dos pais, de 65 e 60 anos.

CONTEXTO

O último reajuste da passagem de ônibus em Curitiba foi em março, quando a tarifa passou de R$ 2,60 para R$ 2,85.

Apesar de ter concedido uma redução de 15 centavos hoje, o prefeito Gustavo Fruet (PDT) argumenta que o sistema de transporte da cidade, que atende Curitiba e outros 13 municípios da região metropolitana, está deficitário, e que o passageiro já paga menos do que o custo real da passagem, de R$ 2,99.

A rede de transporte de Curitiba é formada exclusivamente por ônibus, e considerada pioneira no uso de vias exclusivas e de pagamento antecipado da passagem.

A diferença de 15 centavos será bancada, segundo a prefeitura, pelos cofres públicos, já que as empresas de transporte, por questão contratual, devem receber o custo real da passagem (de R$ 2,99).

O município pretende arrecadar os R$ 30,2 milhões que custarão a redução da passagem (até fevereiro de 2014) por meio do corte de gastos publicitários com a Copa do Mundo, de um repasse da Câmara Municipal e do aumento da fiscalização da cobrança de ISS.


Endereço da página: