Folha de S. Paulo


Sem identificação no colete, PM tenta conter multidão que deve seguir para Planalto

Parte dos policiais militares que acompanham a passeata dos manifestantes rumo ao Congresso na tarde desta quinta-feira (20) está sem identificação com nome e patente no colete. A PM estima que 20 mil pessoas protestam na capital federal.

Questionado pela Folha, sargento diz que não está identificado "porque não quer".

Os manifestantes atiraram, no início da noite, duas bombas nos policiais que reagiram com spray de pimenta.

Além da tropa que faz uma espécie de cordão de isolamento na Esplanada dos Ministérios, a cavalaria e o Batalhão de Operações com cães tentam impedir a entrada dos manifestantes no Congresso.

A ordem é bloquear todos os acessos, inclusive os que levam às cúpulas da Câmara e do Senado. O coronel Jahir Lobo, chefe de Operações da PM, diz que pode empregar até 3.500 homens na operação.

Para forçar os manifestantes a seguirem para o gramado do Congresso, evitando aproximação da marquise, policiais montam uma barreira humana na diagonal.

A segurança aumenta a medida que os manifestantes se aproximam do Congresso.

No gramado, onde já estão os manifestantes da linha de frente, um cordão de policiais militares busca impedir que o grupo chegue ao segundo espelho d'água.

Desafiando a resistência de partidos políticos, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) estão no gramado, acompanhados de quatro índios.

"PULA, SAI DO CHÃO"

Parte dos manifestantes já fala em seguir rumo ao Palácio do Planalto, onde a segurança também foi reforçada pela Polícia do Exército, além da PM. Um grupo correu, por volta das 17h50, para frente do Ministério da Justiça.

"Pula, sai do chão. Essa é a revolução", gritam os manifestantes.

A pauta de protesto em Brasília é bastante variada. Muitas pessoas marcham com cartazes bem-humorados em punho. "Na Arábia Saudita, ladrão é decepado. No Brasil, é deputado", diz cartaz de manifestante.

Um dos posters mais originais faz referência à geração Coca-Cola: uma garrafa do refrigerante derrama manifestantes em frente ao Congresso. "A gente luta pelo que não tem. Minha mãe precisa de atendimento hospitalar público e não temos. Estou aqui por isso", diz o criador do cartaz, Hudson Limiro, 22.


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