Folha de S. Paulo


MPL não se opõe a ato organizado pelo PT

Integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) afirmaram nesta quinta-feira (20) que não se opõem ao ato organizado pelo PT que deve sair à rua ao mesmo tempo em que os manifestantes ocuparão a avenida Paulista para comemorar a revogação do aumento da tarifa.

"Somos apartidários mas não antipartidários. Nós dialogamos com quem qualquer partido que tenha uma luta social. Se o Rui [Rui Falcão, presidente nacional do PT] ou o PT querem fazer ato, têm todo o direito de ocupar o que quiserem. Ele não nos informou nem pediu autorização para isso, mas não temos que autorizar esse tipo de ação. Eles fazem o que quiserem", afirmou um dos integrantes do MPL, Rafael Siqueira, 38.

O MPL confirmou que o ato de hoje, às 17h, na praça do Ciclista, na avenida Paulista, está mantido. "O ato de hoje será para comemorar mas também por solidariedade a outras cidades, como Belo Horizonte, que ainda estão sofrendo repressões violentas e por pessoas que seguem respondendo a processos criminais", disse Mayara Vivian, 23.

Douglas Belome, 29, membro do MPL, afirma que a manifestação ficará concentrada na avenida Paulista. "Pretendemos ocupar apenas a Paulista, comemorando a vitória popular." Ainda eufóricos com a conquista, o movimento comemora "a quebra do capital pela população que saiu às ruas".

Eles afirmaram que estão estudando a possibilidade de novos atos na semana que vem, mas que isso só será decidido após o ato de hoje. "Agora que a gente construiu essa ferramenta [as manifestações], o povo pode usar para as mais diversas questões."

A reivindicação pela tarifa zero continua sendo prioridade para o movimento. "Diziam que baixar a tarifa era impossível. Se agora dizem que a tarifa zero é impossível, nossa luta provará que não é", afirmou Siqueira.

Os membros do MPL dizem que o argumento do prefeito Fernando Haddad de que precisará tirar recursos da saúde e da educação para subsidiar a revogação do aumento da tarifa é raso. "Tem dinheiro pra construir estádio, então tem que ter dinheiro pra transporte, sim. A função do transporte público é transportar as pessoas, não dar lucro a empresários", disse Mayara.

VANDALISMO

O MPL continuará apoiando detidos e processados durante as manifestações, os advogados voluntários do movimento farão a análise de cada caso. A Defensoria Pública receberá os casos que tiverem ligações com crimes.

Para o MPL, as pichações e depredações que ocorreram durante o ato de terça-feira foram promovidas por pessoas infiltradas. "Existem agentes da polícia e de outras organizações escusas infiltrados nas manifestações promovendo atos extremos justamente para criminalizar o movimento", disse Mayara.

O MPL afirmou ser contrário a qualquer atitude que se oponha à liberdade de imprensa. "Acreditamos na total liberdade de imprensa ao mesmo tempo que a gente entende a revolta de algumas pessoas com alguns meios de comunicação pelo histórico na cobertura política", disse Siqueira sobre revolta de alguns manifestantes contra a imprensa na terça-feira.

"Houve mudança na postura da cobertura da imprensa depois que os jornalistas sofreram violência. Coisa que os manifestantes já sofriam há tempos", afirmou Siqueira.


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