Folha de S. Paulo


PM atacado em manifestação no Rio diz que "ficou nas mãos de Deus"

"Nessas horas eu só pensei no criador. Naquela hora, eu falei assim: senhor minha vida é sua. Fiquei nas mãos de Deus", disse ontem à Folha o primeiro sargento da Polícia Militar Nilmar Avelino, 49, há 28 anos na corporação.

Na segunda (17), Avelino foi cercado por manifestantes que depredaram a Assembleia Legislativa durante manifestação no Rio. Levou chutes, pedradas e pauladas. Imagens veiculadas nas TVs mostram o policial desacordado sendo socorrido por outros agentes de segurança, que o arrastam pela rua para tirá-lo da área de conflito.

Levou 15 pontos na cabeça e está com hematomas espalhados por todo o corpo. Na terça-feira (18), teve alta do hospital para onde foi levado.

"Era um cenário de vândalos. Tentei me proteger com o escudo para dar apoio aos outros policiais, mas acabei atingido e perdi a consciência. Eram muitas pedras jogadas contra nós", contou.

Avelino diz lembrar pouco do que aconteceu. Recorda-se de ter caído no chão, depois de atingido por uma pedrada, e de ter sido atacado a pontapés por um grupo de homens. Outros manifestantes gritavam para que os agressores se afastassem e parassem com a violência.

Reprodução/TV Globo
Sargento Nilmar Avelino sendo socorrido após ataque de manifestantes em protesto no Rio
Sargento Nilmar Avelino sendo socorrido após ataque de manifestantes em protesto no Rio

"Eu vi quando um rapaz abriu os braços e gritou 'deixa ele, deixa ele'. As pessoas que atacavam não eram manifestantes com ideais como os outros. Estavam fora de propósito", afirmou.

No momento do ataque, o sargento portava uma pistola calibre ponto 40. Não atirou e diz que "jamais sacaria a arma para atirar num manifestante".

"Percorri toda a avenida Rio Branco naquele dia e não houve nenhum tipo de incidente ou acidente. Tudo transcorreu dentro da normalidade. Oitenta por cento da manifestação ao meu ver foi pacífica. Uma minoria tomou caminho adverso", afirma.

Ao ser questionado se sentiu falta de apoio de um efetivo maior de policiais, o sargento respondeu que "ninguém esperava uma eventualidade daquela magnitude".

O governo diz que apenas 75 PMs davam suporte aos ataques daquela noite. Homens do Batalhão de Choque só chegaram ao local depois de três horas de vandalismo com pichações e depredações à assembleia, ao Paço Imperial, à igreja de São José e a comércios do entorno.

Após o confronto com a polícia, duas pessoas baleadas deram entrada no hospital Souza Aguiar, no centro. Até o momento, uma delas permanece internada em observação.


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