Folha de S. Paulo


Paes e Cabral também anunciam redução de tarifas no Rio de Janeiro

Eduardo Paes (PMDB) e Sérgio Cabral (PMDB) também anunciaram na noite desta quarta-feira a redução das tarifas do transporte público no Rio de Janeiro. O valor dos ônibus, que estavam em R$ 2,95 desde o início do mês, volta para R$ 2,75.

As passagens das barcas, que custavam R$ 4,80, voltam ao preço anterior, de R$ 4,50; o metrô voltará a custar R$ 3,20 (tinha aumentado para R$ 3,50); e as tarifas de trem voltam a custa R$ 2,90 (custavam R$ 3,10).

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Paes afirmou que para suspender o aumento terá que retirara recursos de outros projetos, porque a medida terá impacto de R$ 200 milhões ao ano.Como exemplo, ele citou possíveis reduções nas clínicas da família. A decisão será publicada amanhã (20) no "Diário Oficial".

"Esse impacto terá que ser arcado pelo poder público, e isso significa que eu terei que escolher prioridades", informou, ao mesmo tempo que acenou em uma possível divisão da "conta" com o governo federal.

Paes justificou a concessão do aumento em junho como reflexo da alta de custos das empresas de ônibus, que possuem contrato com a prefeitura.

"É só ver a planilha das empresas que é uma informação pública, aumentou combustível, mão de obra, não demos esse aumento porque a gente queria", tentou se explicar.

Ele afirmou que agora as prefeituras terão que pressionar o Congresso e o governo federal para esse custo seja repartido, mas negou que a presidente Dilma Rousseff tenha prometido algo nesse sentido na conversa que teve ontem com o prefeito de São Paulo, Fernando Hadadd.

"Não houve sinalização de compensação pela presidente, mas vamos pressionar para que esse custo seja repartido entre os entes nacionais e o governo federal".

Perguntado se essa seria uma maneira de abafar as manifestações populares que vem tomando conta das ruas em várias cidades brasileiras, Paes disse que considera as manifestações legítimas.

"Essas manifestações são legítimas e não são só pelas tarifas. Tenho certeza que amanhã será realizada (manifestação) sem problemas", disse.

Ele disse ainda que tentou se reunir com representantes do movimento pela redução da tarifa de ônibus mas por não ter liderança, não foi possível o diálogo.

"Tentei ontem, mas tive resposta negativa. Esse movimento tem uma característica diferente, é uma parcela importante da população que quer ser ouvida, mas não tem lideranças", avaliou.

SÃO PAULO

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e pelo prefeito Fernando Haddad (PT) também anunciaram hoje que as tarifas de ônibus, metrô e trem voltará a custar R$ 3 na capital paulista.

Alckmin falou que a redução de R$ 0,20 representa um "esforço" e acrescentou que serão cortados gastos para que a mudança seja possível. Já o prefeito afirmou que "investimentos serão comprometidos" por conta disso.

O governo paulista ainda não disse quais obras serão afetadas por essa redução nos investimentos. O secretário do Planejamento, Julio Semeghini, afirmou que está estudando alternativas.

CONFRONTO

Desde o reajuste das tarifas, o Rio de Janeiro tem enfrentado vários protestos, assim como várias outras capitais do país.

Na última segunda-feira, durante o maior protesto dos últimos tempos, policiais do Batalhão de Choque entraram em confronto com um grupo de cerca de 300 manifestantes após a invasão do prédio da Assembleia Legislativa do Rio, que estimou os prejuízos em R$ 2 milhões.

A invasão da Alerj aconteceu por volta das 23h e durou alguns minutos, até a chegada da Tropa de Choque. Os policiais chegaram às 23h15 em vinte carros e um blindado, o chamado caveirão, e atiraram várias bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, que correram em direção à Candelária.

O ato tinha começado pacificamente seis horas antes, reunindo 100 mil pessoas. Antes da invasão, um grupo de 80 policiais, sendo vinte deles feridos, chegou a ficar encurralado pelos manifestantes no prédio da Alerj.


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