Folha de S. Paulo


Demora em reação em protesto foi para evitar confronto, diz PM

A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse que a polícia demorou a agir na tentativa de invasão da prefeitura para evitar confrontos que pudessem ferir manifestantes que não tinham relação com a depredação.

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O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse em entrevista ao programa "Bom Dia SP", da Rede Globo, que a polícia agiu de maneira correta durante o sexto ato contra a tarifas do transporte público na capital. "A Polícia estava presente durante toda a manifestação. Temos a obrigação de garantir a ordem e o direito do povo se manifestar, o que foi feito", disse Grella.

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Conforme a secretaria, quando os manifestantes tentaram invadir o prédio, havia uma equipe da Força Tática da PM dentro do imóvel, mas que não interferiu. Grella afirmou que já foi aberto um inquérito para identificar as pessoas que destruíram o patrimônio público. "Solicitamos as imagens com urgência para tentarmos identificar os criminosos que atentam contra a população".

Em um primeiro momento, a secretaria afirmou que não tinha agido porque a responsabilidade de ação em prédios públicos municipais é da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e que a polícia não tinha atuado porque não tinha sido acionada.

Mais tarde, mudou a versão e disse que foi chamada pela prefeitura para reforçar a segurança, mas decidiu esperar a dispersão do grupo.

A pasta diz que houve ao menos 30 detidos por atos como depredação e saques.

À noite, na avenida Paulista, mesmo diante da provocação de manifestantes, policiais evitavam reagir. A Folha presenciou um skatista sem camisa xingando um PM --que deu as costas e saiu.

DEMORA

Para especialistas, a Polícia Militar deveria ter agido antes. A Tropa de Choque, que estava de prontidão desde as 16h, só foi para a rua às 22h, quase três horas após a depredação da prefeitura, o incêndio na van da TV Record e os saques nas lojas.

"A polícia não pode ficar inerte ao saber de distúrbios", disse o advogado Theodomiro Dias Neto, professor da Fundação Getúlio Vargas.

O problema, diz, é que a PM foi encurralada por críticas do prefeito Fernando Haddad (PT) e da mídia.

"A polícia está sendo vítima da falta de orientação das autoridades. Estamos num vácuo de autoridades. Ninguém quer ficar mal com os manifestantes", afirmou.

O sociólogo Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que nem havia necessidade de a prefeitura ter chamado a polícia para a corporação agir nos conflitos de ontem.

Até dentro da corporação há críticas pela demora na atuação. Oito oficiais da PM ouvidos pela Folha, sob a condição de anonimato, disseram que estão descontentes com a mudança de atitude do governo de permitir que os manifestantes bloqueiem ruas de várias regiões.

"Agora, deixam a bagunça rolar solta", afirmou um tenente-coronel.

VIOLÊNCIA

A manifestação de ontem começou de forma pacífica, mas terminou com uma tentativa de invasão da prefeitura, saques e depredações. Ao menos, 30 pessoas foram detidas.

Entre as lojas invadidas estão a Dibs, Marisa, Cacau Show e Claro. Também houve depredação de uma agência do Itaú e de uma base da Polícia Militar. Um carro da Record também foi depredado e incendiado na região da prefeitura.


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