Folha de S. Paulo


Aécio recomenda humildade e canja de galinha a Dilma

Reunido num almoço em Brasília, o comando do PSDB avaliou que a imagem da presidente Dilma Rousseff é a mais desgastada com a onda de protestos pelas ruas do país.

Homenageado pelo partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse, no almoço, que o volume de vaias na tarde de sábado, na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha, é uma prova dos arranhões à sua popularidade.

"É normal ser vaiado num estádio de futebol. Dois minutos de vaia é que não são normal", disse FHC.

Questionado, horas depois, sobre a situação da presidente, FHC disse que Dilma deveria "abrir o olho" para o impacto da inflação no humor do brasileiro.

"A carestia está aí".

Ao responder se esse seria um sinal de que Dilma precisa rever sua postura, o presidente do PSDB e potencial candidato à Presidência, Aécio Neves (PSDB-MG), recomendou:

"Como dizem em Minas Gerais, humildade e canja de galinha nunca são demais. É um bom conselho".

A onda de protestos esvaziou, nesta terça-feira, uma festa organizada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) em homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Incomodado com o teor de uma nota de FHC em apoio aos manifestantes e sob o calor de novos protestos em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin não foi à inaguração de uma exposição comemorativa dos 19 anos do Plano Real.

Embora tenha viajado a Brasília, o governador de Minas, Antonio Anastasia, também não. Anastasia nem sequer participou do almoço dedicado ao ex-presidente, que completou 82 anos.

Anastasia esperou pela chegada de FHC no gabinete de Aécio. E, após cumprimentar o senador e o ex-presidente, embarcou para Belo Horizonte antes mesmo do almoço.

"Não posso ficar. A situação está delicada lá", justificou Anastasia, ao parabenizar FHC.

Segundo aliados do governador, a avaliação no Palácio dos Bandeirantes foi de que não seria conveniente deixar o Estado para participar de uma comemoração em Brasília num momento de tensão nas ruas de São Paulo.

Alckmin seria criticado especialmente em caso de novos incidentes durante os protestos. Ainda segundo tucanos, Alckmin ficou contrariado com o conteúdo de uma nota divulgada na segunda-feira por FHC. Nela, o ex-presidente chamou de erro desqualificar o movimento "como ação de baderneiros".

"Dizer que são violentos nada resolve. Justificar a repressão é inútil: não encontra apoio no sentimento da sociedade", escreveu.

Para integrantes do PSDB, iniciativas como a de FHC contribuem para uma "glamourização" do protesto.

Além de Alckmin e Anastasia, nenhum outro governador tucano compareceu à solenidade. O ex-governador José Serra também cancelou sua viagem a Brasília. Na véspera, aliados de Serra chegaram a procurar o comando do PSDB sugerindo que fosse adiado, alegando que seria inoportuno realizá-lo em meio aos protestos. A Folha apurou que a cúpula do PSDB considerou a hipótese de cancelamento. Mas avaliou que seria um erro.


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