Folha de S. Paulo


Depredação em Curitiba foi ato de 'baderneiros', diz governador Richa

O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou nesta terça-feira (18) que a tentativa de invasão do Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, no final do protesto de ontem, em Curitiba, foi uma ação isolada de "baderneiros com motivação política".

"Eram pouquíssimos, representam quase nada diante do grande porte dessa manifestação", disse o tucano, que se posicionou como "favorável" ao protesto.

Na segunda-feira (17), cerca de 10 mil pessoas foram às ruas da cidade contra o aumento da tarifa de ônibus, hoje em R$ 2,85, e aproveitaram para se manifestar contra a corrupção, os gastos públicos na Copa, a violência, entre outros temas.

No final da passeata, que durou cerca de quatro horas e foi pacífica, sem registro de vandalismo ou violência, um grupo pequeno invadiu uma antessala do Palácio Iguaçu, quebrou vidros, destruiu computadores e pichou muros.

A PM dispersou os manifestantes com bombas de gás e balas de borracha. Os próprios organizadores do evento repudiaram a depredação e, na noite de ontem, desencorajavam o grupo a prosseguir com o vandalismo.

Para o governador, que por vários momentos foi criticado durante o protesto de ontem com gritos como "Ei, Richa, abaixa a tarifa" e "Fora Richa", o alvo das ações não era ele, mas toda a classe política.

"Foi uma panela de pressão que explodiu. Muitas insatisfações acumuladas com o mau comportamento dos políticos, corruptos, mensaleiros. A gota d'água foi o aumento da tarifa", avaliou.

Richa não quis nomear quais grupos políticos estariam por trás das ações de vandalismo. A polícia ainda investiga se havia líderes partidários entre os manifestantes.

"Lamentavelmente, temos grupos políticos radicais, adversários nossos, que são afeitos a esse tipo de baderna, de agressividade, e tentam causar desgaste político se aproveitando de uma situação em que a população manifesta sua insatisfação", disse o governador.

O tucano elogiou a atuação da PM na manifestação de ontem à noite, que considerou "comedida" e "sem excessos", e disse que a corporação irá adotar a mesma estratégia nos próximos protestos.

Richa também afirmou que é "sensível" à causa da tarifa e ressaltou que, no início do ano, isentou de ICMS o óleo diesel utilizado no transporte público.

Até agora, seis cidades do Estado, motivadas por essa isenção e também pela do PIS/Cofins pelo governo federal, reduziram o preço da passagem.

Em Curitiba, a prefeitura afirma que já subsidia parte do valor da tarifa e, até agora, tem manifestado que não é possível reduzir o valor passagem.

BALANÇO

O protesto em Curitiba reuniu 10 mil pessoas, de acordo com a PM --os organizadores estimam entre 20 mil e 30 mil pessoas--, e correu pacificamente durante quatro horas.

O grupo, formado em sua maioria por jovens, saiu em passeata pelas ruas do centro, com faixas pedindo investimento em educação, saúde, fim da corrupção e não à violência policial.

Não houve registros de vandalismo. A grande maioria dos manifestantes entoava gritos de "sem violência" e alguns deles carregavam flores. Em vários momentos do percurso, foi cantado o Hino Nacional. Motoristas e moradores dos prédios ao redor da passeata acenavam em apoio à manifestação.

No final da passeata, após a tentativa de invasão do Palácio Iguaçu, a PM dispersou os manifestantes com bombas de gás e, posteriormente, balas de borracha.

A reportagem da Folha não encontrou feridos entre esse grupo de manifestantes, que não estava armado e respondia à ação da polícia jogando pedras e cones de trânsito.

Os organizadores do evento repudiaram a depredação e, na noite de ontem, desencorajavam o grupo a prosseguir com o vandalismo. Parte dos manifestantes chegou a limpar, com baldes e escovas, uma pichação de "Estado fascista" feita nas paredes do Palácio.

Nove pessoas foram detidas por vandalismo e desacato à autoridade ontem, após o tumulto. Seis delas já haviam sido liberadas pela manhã.

A polícia ainda investiga se esses manifestantes têm algum tipo de vínculo com grupos políticos.


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