Folha de S. Paulo


Para ministro, manifestações pelo país têm caráter suprapartidário

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) disse nesta terça-feira que os partidos políticos que tentarem "partidarizar" as manifestações que vêm mobilizando milhares de pessoas em todo o país não vão "se dar muito bem". Segundo o ministro, os protestos têm o caráter suprapartidário, sem a intenção de fortalecer governo ou oposição.

"Quem viu a manifestação de São Paulo ontem percebeu que quem tentar partidarizar esse fenômeno, esse processo, pode não se dar muito bem porque havia gritos contra bandeiras de partidos que eventualmente eram levantadas durante a manifestação", disse. "Neste momento, é não ter atitude pequena de tirar proveito disso ou daquilo, reforçar esse ou aquele partido", completou.

Segundo o ministro, a presidente Dilma Rousseff está acompanhando os protestos com "atenção" e não vai tomar nenhuma atitude em relação às manifestações antes de o governo concluir os "diagnósticos" sobre o movimento.

"Temos os ouvidos abertos para esse grito que vem das ruas, sabemos interpretar o que significam essas manifestações. A posição da presidente é de abertura, tentativa de diagnóstico, e de agir sem pretensão de ter diagnóstico ou remédio. Por isso, vamos ouvir oposição, o parlamento, ampliar as formas de participação", disse.

Carvalho afirmou que algumas das bandeiras dos movimentos não são de responsabilidade do governo federal, como o preço das passagens de ônibus urbanas e parte dos gastos da Copa do Mundo.

"Em relação à questão dos transportes estamos dispostos a conversar com Estados e municípios para ver como podemos participar, mas lembrando que é responsabilidade dos Estados toda a questão de mobilidade urbana. A Copa não se resume a participação do governo que fez, sim, investimentos, mas que são maiores em aeroportos e na logística em geral do que propriamente nos estádios."

Carvalho disse que o prefeito Fernando Haddad (São Paulo) vai se reunir hoje com líderes do movimento no Estado para discutir o reajuste nas passagens. E declarou que o governo federal reconhece que parte da bandeira dos movimentos é resgatar a bandeira da ética no país, o que segundo o ministro vem sendo feito pelo governo federal.

SAUDADE

Ao deixar a audiência no Senado, Carvalho foi questionado se não teve vontade de protestar ao lado dos jovens, relembrando os velhos tempo de militância sindical. "Deu uma saudadezinha", limitou-se a dizer.

O ministro disse que esse tipo de manifestação dá mais trabalho para ser negociada por não ser possível identificar lideranças nem causas específicas dos protestos. "Não dá para a gente ter a pretensão de definir esses movimentos rapidamente. Eles surgiram agora, temos que estar atentos, abrir diálogo para começarmos a entender esse processo e abrir o governo para essa conversa."


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