Folha de S. Paulo


Presos no trânsito, motoristas mostram apoio e repúdio a protesto

A manifestação que reuniu ao menos 65 mil pessoas em São Paulo pela redução da tarifa de ônibus deixou muitos motoristas presos no trânsito.

Enquanto alguns abandonaram os carros ou esperavam dentro dele pelo fim do protesto, outros resolveram se juntar à manifestação.

A advogada Renata Martins Álvares, 25, que ficou parada na avenida Juscelino Kubitschek, diz que não é contra a manifestação, mas que acha que o protesto deveria ser feito de outra forma, para não atrapalhar as outras pessoas.

Ela tentava comparecer a uma aula em Taboão da Serra, e, dentro do carro, ouvia samba, tentando relaxar.

Já o taxista Acir Silveira, 66, que estava parado em uma esquina da mesma avenida, disse que é totalmente a favor da manifestação, mesmo com uma rotina que começa às 4h e 30 da manhã e vai até as 21h.

"Nunca vi nada parecido, em 44 anos que moro aqui", diz, sobre o tamanho da manifestação.

Ele diz que não protesta por medo, mas diz que o Brasil está muito ruim e que algo deve ser feito. Ele conta que já foi assaltado no Jardim Ângela, onde mora, quatro vezes.

Perto dali, Marilda Teles, 60, estava voltando com a mãe do hospital. Mesmo há três horas no trânsito, Marilda estava com um cartaz na mão apoiando o protesto e pintada de verde, após ter pedido a um dos manifestantes para ser "maquiada".

Do lado dela, Darcy Martino, 68, chacoalhava uma sacola como sinal de apoio. "Meu marido vai querer me matar. Ele não tem vontade de se manifestar, mas eu tenho. Eu quero mudar o mundo. Hoje fui pega no trânsito e resolvi participar. Sou uma espécie de Dom Quixote", diz.


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