Folha de S. Paulo


Movimento Passe Livre diz que não vai recuar enquanto tarifa não diminuir

Integrantes do Movimento Passe Livre, que organiza as manifestações contra o aumento da tarifa do transporte em São Paulo, disseram na manhã desta segunda-feira que o grupo não pretende parar os protestos enquanto o aumento da tarifa não for revogado pela prefeitura e pelo governo do Estado.

Enquete: O movimento Passe Livre vai conseguir reduzir o preço das tarifas?

"As pessoas pessoas estão exigindo uma pauta única, clara e específica, que é a revogação do aumento. Negociar algo diferente do que a população quer seria uma traição", disse Caio Martins, 19, estudante de história da USP e membro do Movimento Passe Livre.

A posição foi dada durante entrevista coletiva na sede dos Sindicato dos Jornalistas, no centro de São Paulo.

Às vésperas do protesto de hoje, marcado para as 17h no largo da Batata, zona oeste, o movimento convidou o prefeito Fernando Haddad (PT) para debater o reajuste na quarta-feira (19), às 10h, também na sede do Sindicato do Jornalistas.

Apesar de terem confirmado presença na reunião extraordinária do Conselho da Cidade marcada para amanhã, os integrantes afirmam que o encontro não é o espaço ideal para discutir o aumento. O conselho é um órgão consultivo criado pelo prefeito neste ano e reúne 136 membros de movimentos sociais, entidades de classe, empresários, entre outros.

"A gente agradece o convite, mas entende que esse espaço não é adequado para negociação", disse Érica de Oliveira, do MPL.

Os integrantes do movimento também comentaram a reunião desta manhã com o secretário de segurança pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, para debater o trajeto do protesto de hoje.

"Nós não sabemos qual vai ser o trajeto. Ele surge na hora, depende do número de pessoas e dos grupos presentes", afirmou um dos integrantes.

Eles querem usar o espaço com o secretário para discutir a repressão e a forma como a polícia vai atuar. "O movimento é pacífico. O vandalismo acontece como reação à violência policial. A gente não estimula o vandalismo", disseram os integrantes.

REFORÇO

Os protestos contra o aumento das tarifas de transporte público devem ganhar reforço do movimento gay, de trabalhadores e até de mães de manifestantes.

As mães estão se mobilizando para comparecer hoje ao quinto ato que pede revogação do aumento das passagens do transporte público em São Paulo. A concentração será às 16h, em frente ao Instituto Tomie Ohtake.

O evento, criado no Facebook para organizar o encontro, contava com mais de 1.500 confirmações até a tarde de ontem. "Acho importante que não seja um movimento caracterizado como só de jovens", diz Noemi Jaffe, mãe de dois manifestantes.

A ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) também divulgou apoio à manifestação e convocou todos os associados e entidades filiadas a "somarem-se nas ruas nessa luta que também é nossa".

Metalúrgicos de São José dos Campos, trabalhadores rurais do interior paulista, operários da construção civil e funcionários do comércio também integram algumas das categorias que devem engrossar os protestos a partir da semana que vem.

A CUT (Central Única de Trabalhadores) e Força Sindical se posicionaram contra a repressão policial nas manifestações. Mas não está certo a participação de seus sindicatos no protesto de hoje.


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