Folha de S. Paulo


PM diz que grupo quebrou acordo de não ir à avenida Paulista

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, disse que os policiais só dispararam bombas e balas de borracha porque reagiram aos ataques de manifestantes --que teriam atirado pedras e outros objetos.

Meira afirmou que o grupo que protestou anteontem quebrou o acordo firmado de não seguir para a Paulista.

O temor era que se repetissem as cenas de terça-feira, quando os manifestantes quebraram lixeiras, picharam ônibus e destruíram vidros de comércios, agências bancárias e de estações do Metrô.

"A polícia tem o papel constitucional de manter a ordem pública. Quando essa ordem for rompida, precisamos agir. Não foi a polícia quem quebrou a ordem. Foram os manifestantes."

Segundo Meira, um grupo agrediu os PMs que faziam um bloqueio na esquina das ruas da Consolação e Maria Antônia. "Fomos atacados antes e reagimos. Eles usaram pedras, rojões, morteiros. Por isso, houve uma reação da PM."

Nina Cappello, 23, estudante de direito da USP e ativista do Movimento Passe Livre, disse que o comando não foi mais localizado após o início da passeata.

"A ideia era ir para a praça Roosevelt e a gente avaliaria com a polícia para onde seguiria. Mas eles desapareceram e a gente não conseguiu mais conversar com o comando, que se isolou."

A avaliação de Meira é que "o resultado não foi bom para ninguém". "Nem para os policiais nem para os manifestantes", acrescentou.

O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, também disse que o governo não encontrou erros na estratégia da PM.

PALCO DISPUTADO

A Paulista se tornou questão de honra tanto para manifestantes que querem chamar atenção do público para a sua causa como para a polícia, que não admite o bloqueio da avenida.

"A Paulista é um lugar simbólico. Muita gente sai do trabalho e acaba se juntando ao protesto. Tem maior visibilidade", diz Nina Cappello, do Movimento Passe Livre.

Além da questão simbólica, ao bloquear a via os manifestantes ampliam o impacto do protesto. A Paulista é um dos principais centros financeiros e de serviços da cidade, uma das ligações mais importantes do trânsito e um dos locais mais vigiados.


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