Folha de S. Paulo


Boato de grande ato em SP faz funcionários saírem mais cedo do trabalho

Um boato de que ocorreria um grande protesto em frente à sede da Rede Globo, na zona sul de São Paulo, causou problemas a quem trabalha e mora na região na tarde desta sexta-feira. Na área próxima à emissora, há uma concentração de prédios comerciais, e muitos deles imaginaram que o ato pudesse tomar grandes proporções como os últimos que ocorreram na cidade.

A iniciativa partiu de pessoas que se mobilizaram no Facebook. Os manifestantes protestam contra o aumento na passagem do transporte coletivo e o posicionamento da mídia em relação aos atos, mas o evento não tem nenhuma relação com o MPL (Movimento Passe Livre), organizador das passeatas recentes na cidade.

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Com receio, empresas resolveram liberar seus empregados no início da tarde. Rafael Delgado Rodrigues, 26, analista de operações na Fedex, que funciona na região, contou que durante o almoço recebeu uma mensagem de uma amiga perguntando se estava sabendo do ato.

Ao retornar ao escritório, também ouviu colegas comentando o mesmo assunto. "A história foi crescendo e, às 13h30, a supervisora disse que sairíamos mais cedo."

No fim da tarde, cerca de 150 pessoas se concentraram em uma das entradas da emissora, na avenida Chucri Zaidan com a rua Evandro Carlos de Andrade. Eles tentaram bloquear a avenida, mas a polícia fez um cordão e os isolou na calçada. Eles andaram cerca de 100 metros até outra entrada da Globo e voltaram ao local de concentração, cumprindo o trato feito com a PM de não atrapalhar o trânsito.

A manifestação acabou sem confrontos por volta das 19h30.

Mesmo com as vias liberadas, o trânsito na região é grande. O montador Sílvio Oliveira de Souza, 28, gastou uma hora e meia para dar uma volta em um quarteirão. Mas ele não tem reclamações sobre os protestantes: "Se não fizer isso não se consegue nada", afirmou.

Segundo Rodrigues, os colegas tiveram medo de ficarem entre os manifestantes e a polícia, como aconteceu na rua da Consolação na quinta-feira (13).

A gerente predial Vanice Felix Barbosa, 47, relata que ouviu a história do protesto do MPL logo cedo, em uma conversa com uma condômina que vai ao trabalho de ônibus fretado. "O motorista disse aos passageiros que haveria manifestação na Globo. E durante o dia todo mundo chegava com essa informação."

LIBERADOS

Na quinta-feira (13), a Justiça havia mandado soltar os outros 12 manifestantes que estavam presos sob acusação de terem participado de atos violentos nas manifestações da última terça-feira em São Paulo.

O juiz Eduardo Pereira Santos Junior considerou que não havia elementos para caracterizar que o grupo havia praticado o crime de formação de quadrilha, o único motivo que permitiria que eles continuassem presos provisoriamente.

"Não faz o menor sentido acusar de formação de quadrilha pessoas que não se conheciam e que se encontraram na avenida Paulista para protestar", diz o advogado Alexandre Pacheco Martins.

A Folha apurou que a acusação de formação de quadrilha foi feita por delegados com a intenção de mandar uma mensagem aos manifestantes: a de que eles seriam tratados de forma mais dura.

Dez dos manifestantes soltos também foram acusados de dano ao patrimônio público. Os outros dois são acusados de ter agredido o policial militar Wanderlei Vignolli. Eles foram indiciados por desacato, lesão corporal e por danificar o patrimônio público ao pichar as paredes do Tribunal de Justiça.

A dupla, o artista Daniel Silva Ferreira, 20, e o editor Ederson Duda da Silva, havia sido enviada à penitenciária de Tremembé e foi solta no começo da noite de ontem.


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