Folha de S. Paulo


Haddad diz que polícia não seguiu protocolos ao reprimir manifestantes

Após comentar que o protesto de quinta-feira (13) havia sido marcada pela violência da polícia, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), reiterou nesta sexta-feira que houve uma reação desmedida na repressão do protesto organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre) pela redução do preço das passagens de ônibus e metrô.

"A polícia segue protocolos. Quando o protocolo é obedecido, as coisas caminham bem. No dia de ontem, segundo as imagens e os relatos, parece que esses protocolos não foram observados", disse, em entrevista à GloboNews.

Segundo ele, foi por isso que a Secretaria da Segurança determinou a investigação para apurar os eventuais abusos cometidos, afirmando que "todos estão impactados" com as imagens de ontem.

"Não ficou bem para a polícia", afirmou o prefeito à Globonews. "Isso não é uma questão da corporação, mas há indivíduos que precisam ser investigados em sua conduta", disse.

REAÇÃO

Nas redes sociais, a fala do prefeito gerou comentários irônicos.

"Haddad diz que a polícia não seguiu o protocolo. Verdade! Sobrou pimenta e vinagre. Faltou o azeite", disse Danilo Fernandes (@genizahvirtual).

"Segundo Haddad deve estar no PROTOCOLO da PM SP que o balanço oficial da manifestação só pode constar numero de PMs feridos! #PiadaPronda", disse Marcel Meir (@MeirMarcel), referindo-se a um balanço divulgado pela corporação que não cita o número de manifestantes feridos (a PM diz que ainda está averiguando o total).

"Galera, resumindo o que o Haddad disse: 'Vamos protestar, mas sigamos o protocolo da polícia (fiquem em casa logo)'", afirmou Filipe (@VozdoAlem).

PRISÕES E VIOLÊNCIA

A polícia deteve, ao longo de todo a quinta-feira (o quarto dia de protesto contra o aumento das tarifas no centro de São Paulo), ao menos 235 pessoas. Desses suspeitos, 198 foram encaminhados ao 78º DP (Jardins) e outros 37 para o 1º DP (Liberdade).

Segundo a polícia, do total, 231 foram ouvidas e liberadas durante a madrugada. Os quatro restantes seguem presos, sem direito a pagamento de fiança, por formação de quadrilha. Eles estão detidos na carceragem do 2º DP (Bom Retiro) e devem ser transferidos para um CDP (Centro de Detenção Provisória) ao longo desta sexta-feira (14).

De acordo com o MPL, cerca de cem pessoas ficaram feridas durante o protesto. O protesto de ontem também deixou sete jornalistas da Folha feridos, dois deles com tiros de borracha na região do rosto. Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa e passam bem.

O confronto entre manifestantes e PMs começou quando a polícia tentou impedir o grupo de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública vai investigar supostos abusos por parte dos policiais durante o protesto.

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL e se comprometeu a marcar uma reunião com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o prefeito Haddad, para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

O prefeito e o governador, porém, descartaram a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.

Os manifestantes, liderados pelo Movimento Passe Livre, prometem um novo protesto na próxima segunda-feira (17), às 17h.


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