A jornalista Maria Cecília Fazzini Cardial, 54, pediu na terça-feira (11) para o filho, o universitário Júlio Henrique Cardial Camargo, 21, não participar do protesto contra o aumento da tarifa. Ela, que trabalha na avenida Paulista, viu que o efetivo da Polícia Militar estava muito reforçado no local poucas horas antes da segunda manifestação.
O estudante de Ciências Sociais da Unesp decidiu ir novamente para a rua - ele já havia participado do segundo protesto, no dia 7 - e acabou sendo preso em flagrante por formação de quadrilha e dano ao patrimônio com outras sete pessoas. Maria Cecília conta que na terça foi o último dia que ela conseguiu falar com o filho.
Sem antecedentes criminais, o jovem foi levado para o 78º DP (Jardins), depois encaminhado para o 2º DP (Bom Retiro) e então para o CDP Belém, na zona leste de SP. "Percorri as duas delegacias, fui então ao CDP levar roupas e bolachas para ele e na sequência ele foi para Tremembé. Não consegui falar nem ver meu filho desde antes da manifestação", lamenta a mãe.
A jornalista conta que também participou de protestos quando era estudante. "Na minha época, conhecíamos quem protestava com a gente. Era olho no olho. Hoje, é tudo marcado pela internet. Você não sabe direito com quem está protestando", afirmou.
Maria Cecília conta que no boletim de ocorrência não está especificado em que circunstâncias o estudante foi preso. A mãe descarta a possibilidade dele ter danificado algum patrimônio ou agredido os policiais. "Ele é um menino politizado, que usa transporte público. Agora ele está cercado de bandidos em um CDP", lamenta.
A jornalista conta que está um pouco "aliviada" pois a Justiça determinou um habeas corpus para o universitário. "Foi estabelecida uma fiança de dois salários mínimos. Espero que ele seja solto o quanto antes", disse Maria Cecília na manhã de hoje.
Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública ainda não se manifestou sobre o caso.