Folha de S. Paulo


Protesto deixa cerca de cem feridos no centro de SP, diz movimento

O protesto contra o aumento das passagens de ônibus, metrô e trens terminou com cerca de cem pessoas feridas, segundo o Movimento Passe Livre, que organizou a manifestação. Entre os feridos há sete jornalistas da Folha, sendo que dois deles foram atingidos por tiros de bala de borracha na cabeça.

O confronto entre manifestantes e PMs começou quando a polícia tentou impedir o grupo de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

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Algumas bombas atiradas pelos policiais foram parar em um posto de gasolina, no cruzamento com a rua Caio Prado. Já a fumaça das bombas formou uma névoa que fez "desaparecer" os carros que ficaram parados na região. Alguns motoristas que ficaram parados na rua Caio Prado por conta da confusão decidiram trancar e abandonar os carros na via.

Em nota, o movimento afirmou que, "apesar do caráter completamente pacífico, a marcha foi violentamente atacada pela Polícia Militar, de forma arbitrária e inexplicada, na rua da Consolação". Ao menos, 137 pessoas foram detidos.

Estimativa da PM aponta que cerca de 5.000 pessoas participaram do ato. O movimento, no entanto, aponta que o número pode chegar a 20 mil.

O próximo ato do grupo já está marcado para as 17h da próxima segunda-feira (17), na frente da estação Faria Lima do Metrô. Até a madrugada desta sexta, mais de 16 mil pessoas já tinham confirmado presença no Facebook.

INVESTIGAÇÃO

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que a manifestação foi marcada pela "violência policial".

"Na terça feira, eu penso que a imagem que ficou foi a da violência dos manifestantes e, infelizmente, hoje não resta dúvida de que a imagem que ficou foi a da violência policial". Ele disse que nesta sexta-feira (14) avaliará as medidas que tomará para tentar conter a escalada de violência nos protestos.

O prefeito também elogiou a decisão do secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, que determinou a abertura imediata de investigações, pela Corregedoria da Polícia Militar, "para apurar rigorosamente os fatos".

Esse foi o quarto protesto contra as passagens de ônibus, na última semana. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.

Antes mesmo do início da passeata, já havia 30 pessoas detidas. Entre os detidos estava o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli.

NEGOCIAÇÕES

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.

O prefeito Haddad também disse que não reduzirá a tarifa de ônibus. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha.


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