Folha de S. Paulo


Manifestantes chegam à avenida Paulista e entram em confronto com PMs

Manifestantes do protesto contra o aumento das tarifas em São Paulo chegam à avenida Paulista, uma das mais importantes da cidade, na noite desta quinta-feira. A Tropa de Choque da Polícia Militar fecha os dois lados da via para evitar a passagem da passeata.

A rua Augusta, um dos acessos à avenida, foi bloqueada pelos policiais. A efervescência noturna da via foi trocada por bombas de gás e efeito moral. A avenida Angélica também estava bloqueada e havia barricadas de fogo formadas por manifestantes em vários pontos.

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Mesmo com a interdição, boa parte dos manifestantes conseguiu chegar à avenida Paulista. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), eles sobem até a via pelas ruas da Consolação, Augusta, Bela Cintra e pela avenida Angélica

A badalada rua virou um campo de guerra, com forte repressão policial. A PM trabalha com o intuito de impedir aglomerações. Quando um grupo de cerca de 15 a 20 pessoas se forma, a tropa atira bombas para que sejam dispersados.

Nenhum comerciante se arriscou a manter a loja aberta durante o protesto de hoje. Todas as portas da rua foram fechadas, desde lanchonetes a casas noturnas.

Alguns motoristas que ficaram parados na rua Caio Prado, na região central, por conta do confronto entre manifestantes e policiais militares, decidiram trancar e abandonar os carros na via. Com o trânsito interrompido, eles fugiram a pé da confusão que bloqueia parte da rua da Consolação.

PROTESTO

Esse é o quarto protesto contra as passagens de ônibus, na última semana. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.

Antes mesmo do início da passeata, já havia 30 pessoas detidas. Entre os detidos está o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli.

O confronto começou quando a PM tentou impedir os cerca de 5.000 manifestantes de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

Algumas bombas atiradas pelos policiais foram parar em um posto de gasolina, no cruzamento com a rua Caio Prado. Já a fumaça das bombas formou uma névoa que fez "desaparecer" os carros que ficaram parados na região.

NEGOCIAÇÕES

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.

O prefeito Fernando Haddad (PT) também disse que não reduzirá a tarifa de ônibus. Ele reafirmou que o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 ficou abaixo da inflação e que cumpriu compromisso de sua campanha.


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