Folha de S. Paulo


Ponto montado no centro de SP atende 55 feridos durante protesto

Pelo menos 55 pessoas, vítimas de confrontos entre PM e manifestantes, foram atendidas em um ponto de emergência médica montado na Matilha Cultural, centro cultural independente e sem fins lucrativos localizado na região central de São Paulo.

O espaço recebeu três macas e material de primeiros socorros, além de um médico e uma enfermeira, para atender à população.

Grupo tenta furar bloqueio e PM usa bombas na Consolação em SP
PM detém ao menos 30 durante concentração para protesto em SP
Com medo de protesto, comerciantes fecham lojas no centro de SP

A expressiva maioria das vítimas, 50 casos, foi em decorrência de problemas nos olhos e na garganta por causa de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, segundo o médico Pedro Campana, 26, responsável pelo atendimento.

Ele conta que três pessoas sofreram cortes em diferentes partes do corpo, e uma menina teve inchaço na cabeça.

O caso mais grave, porém, segundo o médico, foi de um rapaz que levou tiro de borracha e teve escoriação e inchaço no tornozelo direito.

O rapaz foi encaminhado a um pronto-socorro na região central e passava bem, segundo Campana.

Por volta das 21h, o serviço foi desmontado, e o médico e a enfermeira seguiram para realizar novos atendimentos na região da avenida Paulista.

PROTESTO

Esse é o quarto protesto contra as passagens de ônibus, na última semana. As pessoas começaram a se concentrar por volta das 16h, quando já havia grande quantidade de policiais, inclusive fechando o viaduto do Chá, onde fica a Prefeitura de São Paulo, e revistando e interrogando pessoas.

Antes mesmo do início da passeata, já havia 30 pessoas detidas. Entre os detidos está o repórter da "Carta Capital", Piero Locatelli.

O confronto começou quando a PM tentou impedir os cerca de 5.000 manifestantes de prosseguir a passeata contra o aumento dos ônibus pela rua da Consolação, no sentido da avenida Paulista. Com isso, houve bombas de gás lacrimogêneo e tiros de borracha disparados contra os manifestantes, que atiravam pedras e outros objetos.

Algumas bombas atiradas pelos policiais foram parar em um posto de gasolina, no cruzamento com a rua Caio Prado. Já a fumaça das bombas formou uma névoa que fez "desaparecer" os carros que ficaram parados na região.

Os manifestantes montaram uma barricada com fogo na Augusta. Uma agência do Santander e outra do Itaú foram pichadas, assim como uma creche municipal da região. Várias lixeiras da rua Augusta também foram destruídas.

NEGOCIAÇÕES

Na quarta-feira (12), o Ministério Público de São Paulo reuniu-se com manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre) --organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público-- e se comprometeu a marcar uma reunião com Alckmin e com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

Hoje, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), porém, afirmou descartou a possibilidade de suspender o aumento das tarifas pelo período. Procurada, a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não se manifestou se aceitaria a proposta do Ministério Público.

"Quanto a reduzir o valor da passagem, não há possibilidade", afirmou o governador, que foi a Santos com o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, inaugurar uma delegacia e anunciar investimentos em segurança na região. "O reajuste foi menor que a inflação, tanto nos trens e metrô quanto nos ônibus", disse Alckmin.


Endereço da página:

Links no texto: