Folha de S. Paulo


Greve de funcionários da CPTM causa trânsito recorde em São Paulo

A greve dos funcionários da CPTM que afeta três das seis linhas de trens em São Paulo nesta quinta-feira causou trânsito recorde do ano na parte da manhã. De acordo com monitoramento da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as filas se estendiam por 148 km, o que equivale a 17,1% dos 868 km de vias monitoradas.

O índice de hoje se iguala ao congestionamento do dia 5 de abril, quando uma forte chuva gerou alagamentos e apagou semáforos.

Segundo a CPTM, a linha 9-esmeralda está totalmente parada. Já as linhas 11-coral e 12-safira operam parcialmente.

Editoria de Arte/Folhapress
A LENTIDÃO EM SP COM GREVE DA CPTM E SUSPENSÃO DO RODÍZIO

A suspensão do rodízio municipal de veículos nesta quinta-feira também contribuiu para o número. A CET informou que as multas aplicadas, na parte da manhã, por descumprimento do rodízio serão canceladas.

GREVE

Por conta da greve dos ferroviários nesta quinta-feira, os usuários dos trens da CPTM encontraram filas e confusão para chegar ao trabalho.

Na estação Pinheiros, os ônibus disponibilizados pelo Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência) chegavam de 15 em 15 minutos, em média, e a maioria das pessoas não sabia onde a fila começava e terminava. O mesmo acontecia com os próprios funcionários.

Vanessa Oliveira, 20, viu na televisão que ônibus estariam à disposição dos passageiros, mas reclamou do pequeno número disponibilizado. "Não sabia que ia estar cheio assim, é muito pouco ônibus para tanta gente".

A usuária da CPTM Cristiane de Souza, 31, que trabalha perto da estação Vila Olímpia, esperava um táxi enviado pela empresa. "Se eles não fizessem isso, não ia ter jeito de chegar. Esses ônibus estão superlotados, sem condições de entrar".

Quem optou por um táxi como Cristiane, mas não contou com a boa vontade do chefe, também enfrentou filas. É o caso de Ângela Malta, 20, que esperava em uma fila de 15 pessoas. "O jeito é pegar táxi, porque pegar ônibus não dá. Ninguém respeita, passam na sua frente".

A CPTM ainda não tem uma estimativa de quantos passageiros foram prejudicados, mas a linha 9-esmeralda, que está totalmente paralisada, é utilizada diariamente por 550 mil usuários.

Já o trecho da linha 11 que está parado transporta diariamente 200 mil passageiros. Na linha 12, segundo a CPTM, não é possível calcular quantos passageiros usam o trecho que está paralisado. A linha completa é usada diariamente por 240 mil passageiros.

REIVINDICAÇÕES

A categoria reivindica reajuste salarial, aumento no vale-alimentação, mudanças no plano de carreira, entre outros. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana --que opera as linhas 9-esmeralda e 8-diamante-- e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona da Central do Brasil fizeram diversas reuniões para tentar fechar um acordo, mas nada foi acertado.

As linhas 7-rubi e 10-turquesa são atendidas pelos sindicatos dos Engenheiros no Estado de São Paulo e dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, que já fecharam um acordo com a companhia

Em nota, a CPTM afirmou ontem que considera irresponsável a decisão de greve. A companhia aponta ainda que o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que os empregados mantenham 100% da operação nos horários entre 6h e 9h e das 16h às 19h, e nos demais horários 75% da operação ferroviária.

O descumprimento da ordem judicial implicará em multa diária no valor de R$ 100 mil a ser revertida em favor do Hospital São Paulo, Hospital das Clínicas e Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Uma nova assembleia da categoria está marcada para as 14h de quinta-feira, na estação Luz, quando a categoria vai discutir a continuidade da paralisação. Em caso de novas propostas da CPTM, os funcionários podem retomar os trabalhos em seguida.

Segundo a CPTM, com o reajuste oferecido, o salário médio dos ferroviários irá para R$ 2.646,18, sem considerar adicionais e benefícios.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: