Folha de S. Paulo


Após reunião com Promotoria, Passe Livre mantém protesto para esta quinta

Após reunião com o Ministério Público de São Paulo na tarde desta quarta-feira (12), manifestantes do MPL (Movimento Passe Livre), organizador dos protestos contra o aumento da tarifa do transporte público, afirmaram que a manifestação marcada para esta quinta-feira está mantida.

A Promotoria se comprometeu a marcar uma reunião com o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), para negociar uma suspensão, por 45 dias, do valor da nova tarifa de R$ 3,20. Antes do aumento, a tarifa de ônibus, metrô e trens custava R$ 3.

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Se a reunião surtir efeito e a tarifa for suspensa, os protestos também serão, afirmaram integrantes do Passe Livre. Caso contrário, as manifestações continuam.

Questionado sobre a possibilidade de prefeito e governador não aceitarem a proposta, Maurício Ribeiro Lopes, promotor de Habitação e Urbanismo da capital, disse que "eles [o governo] estarão devolvendo a estes movimentos o protagonismo". "Hoje, assistimos a um gesto de boa vontade deles [MPL] em devolver a questão ao Estado. Mas não há nenhum compromisso de que a tarifa baixará", completou.

Amanhã, o grupo promete novo protesto, a partir das 17h, em frente ao Theatro Municipal, no centro da capital paulista. Se a proposta for aceita antes das 17h, Lucas Monteiro, do MPL, afirmou que a manifestação se transformará em um encontro de celebração.

A reunião realizada hoje na sede do Ministério Público contou com Adalto Farias, representante da Secretaria Municipal de Transportes e Pedro Luiz Machado, representante da Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos. Foi formado também no encontro uma comissão que analisará com o governo durante 45 dias as planilhas de custos e a composição da tarifa do transporte coletivo.

Na comissão estão dois membros do MPL, dois membros do PSOL e um membro do sindicato dos metroviários.

Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do sindicato dos metroviários, que também participou da reunião, fez questão de deixar claro que a suspensão dos protestos durante o período do acordo diz respeito às manifestações em vias públicas mas que os encontros serão mantidos em espaços como o Parque do Ibirapuera.

De Paris, onde estão para apresentar a candidatura de São Paulo à Expo 2020, Haddad e Alckmin criticaram os protestos. Ao todo, já ocorreram três manifestações contra as tarifas em menos de uma semana. Em duas delas ocorreram confrontos com a PM e atos de vandalismo.

Haddad condenou os atos de violência que ocorreram em São Paulo e que foram deflagrados, segundo ele, por "pessoas inconformadas com o Estado democrático de direito".

Já Alckmin chamou os manifestantes de "baderneiros". "É intolerável a ação de baderneiros e de vândalos destruindo o patrimônio público e devem pagar por isso. É patrimônio coletivo. Destruir ônibus, que é exatamente para servir a população, é inaceitável", disse o governador.


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