Folha de S. Paulo


Polícia indicia seis pessoas por mortes no Carnaval de Santos

A Polícia Civil de Santos (SP) indiciou seis pessoas pelo incidente que resultou na morte de quatro pessoas e deixou outras sete feridas no Carnaval. Três integrantes da escola de samba Sangue Jovem e três da Secretaria Municipal de Cultura foram indiciados sob suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar).

Os três indiciados da escola de samba são o presidente Luiz Cláudio de Freitas, o diretor geral Marco Antonio Villela dos Santos e o diretor de Harmonia, Lucas Bernardo Fernandes Novaes. Da prefeitura, foram citados o secretário de cultura, Raul Christiano de Oliveira Sanchez, o chefe do Departamento de Eventos, Rafael Marinho Fernandes Leal Filho, e o servidor Cezar Augusto Teixeira Cantarino.

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De acordo com o delegado assistente João Octavio Mello, as investigações apontaram uma série de erros que resultaram no acidente, entre eles, a inexistência de um auto de vistoria do Corpo de Bombeiros. "A prefeitura assumiu o risco ao realizar o evento. A recomendação era de que não houvesse o desfile. Houve um abuso de poder", afirmou.

Outro problema apontado foi o desnível na avenida Nossa Senhora de Fátima, por onde os carros alegóricos eram conduzidos da área de dispersão até o local onde eram desmontados. Essa falha fez com que o veículo se inclinasse fortemente em direção aos fios de eletricidade, de acordo com o relatório assinado pelo delegado Antônio Carlos Machado Júnior.

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Na próxima semana, os indiciados deverão ser ouvidos. A advogada da Sangue Jovem, Agra Tavoloni, afirmou que aguardará os próximos passos da investigação. "O relatório ainda deve seguir para o Ministério Público, que pode não acatar essa denúncia. Vamos esperar até que o órgão se manifeste".

A assessoria de imprensa da Prefeitura de Santos informou que os funcionários da Secretaria de Cultura aguardam notificação oficial para falar sobre o indiciamento.

MORTES

A tragédia ocorreu na madrugada de 12 de fevereiro deste ano e envolveu um dos carros alegóricos da Sangue Jovem. Logo após o desfile, ele foi levado até o local de desmonte. No caminho, o veículo tocou nos fios da rede elétrica, causando um curto-circuito.

Três pessoas que estavam conduzindo o carro alegórico morreram na hora: Wictor Ferreira, 29, Leandro Monteiro e Ludenildo da Silva Militão, ambos de 26 anos. O acidente ocorreu em frente a uma casa e resultou na morte de uma das moradoras: Mirela Diniz Garcia, 19, que estava na calçada.

De acordo com o laudo do Instituto de Criminalística, eles foram atingidos por uma carga elétrica de 13.800 volts, quase cem vezes superior à voltagem residencial.


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