Folha de S. Paulo


Anac vai entregar plano de contingência para aeroportos até o fim do mês

Técnicos da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) estão debruçados na elaboração de um plano de contingência para atender os passageiros dos aeroportos Santos Dumont e Congonhas, após recentes problemas de atrasos em voos no Rio e em São Paulo.

Pela segunda vez na semana, aeroporto Santos Dumont fica às escuras
Após fechar para pousos, Santos Dumont funciona por instrumentos no Rio
Bloco de gesso cai e atinge passageira no aeroporto de Congonhas

O diretor-presidente da Anac, Marcelo Guaranys, afirmou nesta terça-feira que o programa será entregue até o fim do mês. O objetivo é prestar informações e apoio logístico com mais agilidade nos locais fechados por problemas climáticos e outros entraves técnicos.

Entre as medidas previstas estão o aumento do contingente de funcionários, a expansão de turnos de trabalho e a elaboração de regras para comunicar os usuários de que o aeroporto foi fechado.

"É importante que o passageiro tenha informação do que vai acontecer, que melhore o fluxo de informação, que tanto a empresa aérea quanto o aeroporto passem para o passageiro o que vai acontecer e qual a possibilidade de acomodação", disse Guaranys após vistoria no aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio.

O documento está sendo elaborado em parceria com a Infraero, que administra os aeroportos, e com a SAC (Secretaria de Aviação Civil). O pedido de formulação do plano foi feito pelo ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, no início do mês.

A medida será inicialmente aplicada em Congonhas e no Santos Dumont, mas poderá ser estendida para outros aeroportos. Os dois terminais têm tido problemas frequentes por causa de condições climáticas adversas.

O programa prevê ainda definição de uma autoridade responsável pela operação de emergência. "Para muitas pessoas, a viagem é parte do seu trabalho, não pode falhar. Se acontecer qualquer imprevisto, ela tem que saber sem demora como as dificuldades vão ser resolvidas", afirmou o ministro no começo do mês.

Sobre os problemas de falta de luz no Santos Dumont, o presidente da Anac afirmou que a questão precisa ser resolvida entre a Light (distribuidora de energia) e a Infraero (administradora do aeroporto).

Houve dois casos recentes de quedas de energia no aeroporto. Na semana passada, passageiros reclamaram do desconforto pelo ambiente quente e abafado sem ar-condicionado. Escadas rolantes, esteiras e elevadores também ficaram sem funcionar.

"É importante que o aeroporto não pare. A Infraero tem que garantir o funcionamento do gerador e o fornecimento tem que ser garantido pela Light", afirmou. Estão previstas reuniões entre a administradora de aeroportos e a distribuidora de energia.

FISCALIZAÇÕES

O presidente da Anac foi ao Rio hoje em meio a um cronograma de inspeção dos aeroportos das cidades-sede da Copa das Confederações, que começa no próximo sábado (15).
Segundo ele, a maior parte dos aeroportos está em obra para aumento da capacidade.

Entre os aeroportos já inspecionados estão Confins (BH), Recife (PE), Salvador (BA) e Galeão (RJ).

"Onde passamos verificamos que a estrutura está disponível mesmo com as obras e as companhias estão com esse balcão [para receber reclamações] estruturado", afirmou.

A Anac vai reforçar a fiscalização em dez aeroportos, impactados pelo aumento de fluxo da Copa das Confederações. Haverá mais 220 servidores de plantão entre amanhã e 2 de julho.

A Copa das Confederações será realizada em Belo Horizonte, Brasília, Recife, Salvador, Fortaleza e no Rio.

O aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, também faz parte da fiscalização por ser o que mais recebe voos internacionais no país.

SLOTS

Guaranys afirmou ainda que até o fim do semestre vai entregar o resultado da audiência pública, realizada no início do ano, sobre as novas regras de distribuição de "slots" (espaços para pousos e decolagens). A medida será direcionada para aeroportos que estão saturados ou que têm grande relevância para a malha aérea nacional.

Congonhas, em São Paulo, é um dos que devem ser atingidos pelas mudanças. Hoje, há autorização no aeroporto para 30 voos por hora da chamada aviação comercial (de grandes empresas como TAM e Gol) e quatro para a aviação geral (como jatos executivos e táxis aéreos).

A Anac avalia se é possível aumentar o número de voos comerciais por hora, mantendo as condições de segurança e qualidade (sem atrasos). "Há uma possibilidade [de aumentar os voos planejados]. Estamos estudando para ver se há capacidade para isso", afirmou.

Segundo reportagem da Folha publicada no mês passado, um relatório técnico produzido pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), órgão ligado à Aeronáutica, aponta que é possível ampliar de 30 para 38 a quantidade de voos comerciais por hora.

O governo quer incentivar a melhor utilização dos slots pelas companhias aéreas. O uso inadequado da estrutura aeroportuária será penalizado.

Após a entrega do relatório, a diretoria da Anac irá votar as novas regras. "Recebemos mais de 300 manifestações. Estamos recebendo item por item dizendo porque incorporamos ou não [as regras dos slots]."

Segundo ele, as regras valerão para qualquer aeroporto que está em situação de saturação. "Pode ser para o aeroporto todo ou para determinadas faixas horárias. Em Brasília, por exemplo há algumas faixas congestionadas."


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