Folha de S. Paulo


Motoristas e cobradores decidem manter greve em Florianópolis

O transporte coletivo na Grande Florianópolis continuará parado por tempo indeterminado, anunciaram motoristas e cobradores na noite desta segunda-feira (10).

Em assembleia encerrada às 22h30, a categoria decidiu que continuará parada apesar de a Justiça ter determinado o funcionamento total da frota em horários de pico e parcial no restante do dia.

À tarde, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) intermediou encontro entre patrões e empregados, mas não houve acordo. As negociações devem ser retomadas nesta terça-feira (11).

A greve por aumento de salários e redução da jornada de trabalho começou à 0h desta segunda e deixa, segundo o sindicato das empresas, 330 mil pessoas sem ônibus a cada dia.

Esta é a 14ª greve consecutiva na região, disse o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior (PSD) --todas em meados de maio, mês do ajuste anual de salários. A maioria das greves terminou em aumento de tarifas.

"Neste ano será diferente. Se alguém acha que a greve vai terminar em aumento de passagens, vai dar com os burros n'água", disse o prefeito.

O presidente do sindicato das empresas, Waldir Gomes, afirmou que as empresas operam no limite e não podem cobrir as reivindicações dos grevistas.

O assessor jurídico do sindicato dos motoristas e cobradores, Ricardo Freitas, disse que as empresas maquiam os gastos e repassam à categoria um percentual menor que o recebido no reajuste anual das passagens.

A categoria pede redução da jornada de trabalho de 6h20 para 6h, aumento real de 5% (além da inflação) e vale-alimentação de R$ 460.

TRANSTORNOS

Com a greve, o trânsito teve filas acima da média nesta segunda, o comércio perdeu clientes, as escolas ficaram quase vazias e até o serviço de limpeza urbana foi prejudicado.

A estudante Cleo Theodora, 19 anos, quase perdeu uma entrevista de emprego no centro de Florianópolis, à tarde. Foi salva pela corona de um amigo da família. "Eu iria de ônibus, mas com a greve não tinha como ir."

O movimento nas lojas caiu 58%, segundo estimativa da Fecomércio.

A prefeitura de Florianópolis informou, em nota, que só 12 das 47 escolas da rede municipal e 4 das 84 creches operaram normalmente.

A UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) manteve as aulas, a exemplo das redes estadual e municipal, mas pediu que professores adiassem provas e abonassem faltas.

A Comcap, empresa responsável pela limpeza urbana na capital catarinense, informou ter tido dificuldade para manter os roteiros de coleta porque metade dos funcionários faltou ao trabalho.


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