Folha de S. Paulo


Após piora da lentidão, SP terá faixas de ônibus na marginal Tietê

A marginal Tietê, via mais movimentada da cidade de São Paulo, terá uma faixa exclusiva de ônibus nas próximas semanas. A faixa será implantada na pista local, nos dois sentidos, entre as pontes das Bandeiras e Aricanduva.

No sentido Castello Branco, a faixa exclusiva terá 5 km de extensão e vai funcionar apenas no horário de pico da manhã (das 6h às 9h). No sentido Ayrton Senna, serão 7,7 km no pico da tarde (das 17h às 20h).

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A marginal tem 12 faixas de tráfego em cada sentido, incluindo as pistas expressa, central e local. Na pista local, são quatro faixas --a exclusiva para os ônibus vai ocupar a da direita.

Também haverá mudanças no trânsito. No sentido Castello Branco, a alça da ponte das Bandeiras para a av. Santos Dumont será vedada para carros e motos das 6h às 12h --só ônibus poderão acessar.

Invadir a faixa de ônibus à direita nos horários de funcionamento é uma infração leve e rende multa de R$ 53,20, mais três pontos na carteira de habilitação.

A data de início das faixas ainda não foi definida, mas a prefeitura já iniciou os trabalhos de sinalização. Serão instaladas 236 placas e pintados 2.676 m² de asfalto.

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não informou se haverá período de orientação sem multas, como tem ocorrido com outras novas faixas exclusivas.

De acordo com a CET, as novas faixas fazem parte da operação "Dá licença para o ônibus", de prioridade ao transporte público. A mesma operação restringiu a circulação de automóveis no largo 13 de Maio, em Santo Amaro (zona sul).

Segundo a SPTrans (empresa que gerencia o transporte municipal), pelo trecho da marginal circulam 30 linhas de ônibus, que transportam cerca de 211 mil passageiros por dia.

Com os novos trechos, a cidade chegará a 160,3 km de faixas exclusivas em funcionamento --dos quais 57,9 km desde o início do ano. A promessa da gestão Fernando Haddad (PT) é implantar 150 km até 2016.

LENTIDÃO

Ao anunciar as novas faixas de ônibus, a gestão Haddad também divulgou estudo que aponta que a lentidão do trânsito nas marginais Tietê e Pinheiros piorou após as restrições a caminhões criadas na gestão Gilberto Kassab (PSD).

Estudo feito pela CET comparou o tamanhos dos congestionamentos 14 meses antes e 14 meses depois da restrição na Tietê, que começou em 5 de março de 2012. Na marginal Pinheiros, os caminhões foram proibidos em 20 de julho.

Segundo a companhia "apesar da restrição à circulação de caminhões implantada nas duas vias ter contribuído para a readequação dos caminhões no viário, o impacto da lentidão não foi significativo".

A CET afirma que a situação ocorreu porque o espaço deixado pelos caminhões foi ocupado por veículos menores. "Nos horários de restrição, as marginais acabaram sendo ocupadas por uma demanda maior de veículos de pequeno porte e, com isso, o espaço voltou a apresentar saturação".

Horário 7h - 9h 9h - 17h 17h - 22h
Lentidão (km) Antes Depois % Antes Depois % Antes Depois %
Cidade toda 76 84 11% 74 92 24% 107 125 17%
Marginal Pinheiros 14 16 8% 15 17 15% 15 19 26%
Marginal Tietê 14 12 -15% 16 21 34% 20 26 32%

Média das máximas lentidões em km de 1.jan.11 a 29.fev.12 e de 5.mar.12 a 30.abr.13

A restrição impede a circulação de caminhões na marginal Tietê das 5h às 9h e das 17h às 22h, e na Pinheiros das 4h às 22h.

Caminhões menores, conhecidos como VUC (Veículo Urbano de Carga), foram liberados em horário integral. Com isso, as transportadores passaram a trocar seus veículos --segundo as empresas, um caminhão com capacidade de 20 toneladas precisa ser substituído por cinco VUCs.

Segundo a pesquisa, só houve melhora na lentidão da marginal Tietê no horário de pico da manhã. Das 7h às 9h, os congestionamentos diminuíram 15%. Em todos os outros horários, a situação piorou.

A gestão Haddad diz que se as restrições tinham como "objetivo de melhorar a fluidez e a segurança do tráfego, favorecendo a mobilidade da população nos horários de pico", ela pretende "ir além" e "aumentar a qualidade de deslocamentos do transporte público que circula na via". (ANDRÉ MONTEIRO)


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