Folha de S. Paulo


Basílio Scavarelli (1910-2013) - Pioneiro das aspirinas no Brasil

Aos 19, Basílio Scavarelli, que sozinho viera a São Paulo trabalhar, comprou sua primeira farmácia, a Castor. Até o fim de uma vida de mais de cem anos, o filho de imigrantes italianos não mais sairia da área farmacêutica e acabaria se tornando o primeiro a fabricar aspirinas no Brasil.

Natural de São Paulo, perdeu a mãe aos 13 anos e se mudou para a serra do mar, onde estavam as casas dos funcionários da estrada de ferro.

Seu pai foi agente ferroviário, e o próprio Basílio chegou a trabalhar na ferrovia antes de vir a São Paulo, onde atuou numa perfumaria.

Depois da Castor, tornou-se dono das farmácias Romano, que comprou em 1946 e fechou no início dos anos 80. Chegou a ter cinco unidades.

Embora não tivesse formação de farmacêutico, abriu um laboratório. Foi dono do Novaquímica e do Igefarma, hoje chamado de Theraskin, voltado para a dermatologia.

Descrito como exemplo de conduta e trabalho pela filha Rosa, que virou PhD em farmacologia pela Universidade de Michigan, nos EUA, não vendia estimulantes em suas farmácias por achar que quem comprava se viciava.

Rosa, ao voltar dos EUA, foi trabalhar com o pai, e o laboratório da família, que tinha sido pioneiro com as aspirinas, lançou o primeiro teste de gravidez do país.

Rosa, nas fases iniciais, testou numa funcionária -deu positivo.

Baixinho, de 1,50 m, era alegre, firme e sério, segundo a filha. Gostava de jogar cartas.

Casado desde 1948 com Irene, 89, sua ex-secretária, trabalhou até o fim. Sofrera um tombo em casa. Morreu no sábado (1º), aos 102, de uma septicemia. Não teve netos.

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