Folha de S. Paulo


Metroviários aceitam proposta e desistem de greve em São Paulo

Os funcionários do Metrô de São Paulo aceitaram na noite desta segunda-feira a proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo do Estado e decidiram cancelar a greve que estava marcada para começar à 0h desta terça.

A decisão foi tomada em assembleia do Sindicato dos Metroviários, no Tatuapé (zona leste), por volta das 20h30. Mais cedo, representantes da categoria e da empresa participaram da oitava rodada de negociações, no TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

O acordo final foi de reajuste de 8% nos salários --5,4% de reposição da inflação e mais 2,5% de aumento real--, além de aumentos de 11,5% no vale-refeição e 13,6% no vale-alimentação.

Joel Silva/Folhapress
Em assembleia, metroviários decidem aceitar reajuste proposto pelo governo de SP e desistem de fazer grave a partir de terça
Em assembleia, metroviários decidem aceitar reajuste proposto pelo governo de SP e desistem de fazer grave a partir de terça

Segundo o sindicato, a proposta final foi apresentada pelo próprio presidente do Metrô, Peter Walker, após um telefonema à cúpula da gestão Geraldo Alckmin (PSDB).

"Estou no Metrô há 18 anos e foi a primeira vez que vi o presidente na mesa de negociação. Isso mostra a força da categoria e o medo que eles tinham da greve", afirmou Altino de Melo Prazeres Júnior, presidente do sindicato, ligado ao PSTU.

O sindicato pedia reajuste salarial de 7,3%, para a reposição da inflação, e aumento real de 14,2%. Eles também queriam aumento de 24,3% no vale-refeição e de 75,6% no vale-alimentação.

"Não foi o acordo que a gente queria, mas foi o que conseguimos dentro da realidade social e política. Saímos fortalecidos porque mudamos o paradigma de reajuste do funcionalismo do Estado", disse Prazeres Júnior.

Cerca de mil pessoas participaram da assembleia da categoria. A aceitação da proposta do Metrô, defendida pela diretoria do sindicato, recebeu a maioria dos votos, mas um grupo minoritário defendeu a deflagração de greve e outro, a continuação das negociações.

Segundo o sindicato, no acordo final o Metrô também se comprometeu a avaliar reivindicações relacionadas a jornada de trabalho, plano de carreira e equiparação salarial.

NEGOCIAÇÃO

Os metroviários ameaçaram entrar em greve há duas semanas, após seis rodadas de negociação fracassarem.

O governo oferecia reajuste de 5,3%, mas acabou elevando a oferta para 6,4% diante da ameaça de greve.

Um dia antes, já em reunião intermediada pelo TRT, a Justiça propôs que o índice de reajuste fosse de 7,16% --inflação medida pelo INPC, do IBGE.

O Metrô pediu uma semana para avaliar e os metroviários também decidiram suspender o movimento por sete dias. Na ocasião, a Justiça já havia determinado que se a categoria entrasse em greve, deveria manter 100% do efetivo nos horários de pico, sob pena de multa ao sindicato.

Hoje, em nova reunião no TRT, o governo disse que só poderia oferecer 6,95%, mas acabou cedendo no final da reunião para selar o acordo.

O Metrô possui atualmente 9.378 funcionários, com salários que variam de R$ 1.700 (manutenção) a R$ 20 mil (gerente), além de vale-refeição de R$ 552 e vale-alimentação de R$ 218.

Em 2012, foram transportados em média 3,8 milhões de pessoas no metrô em dias úteis. Mas o número de usuários, segundo a empresa, é de 4,6 milhões.

A última paralisação da categoria ocorreu em 23 de maio do ano passado, quando houve caos no trânsito e o rodízio de veículos foi suspenso pela prefeitura. Antes disso, houve uma greve em agosto de 2007 que durou dois dias.

Rafaella Arcuschin/Folhapress
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