Folha de S. Paulo


Empresa terá que refazer projeto de casa de show no Jockey Club

A empresa de entretenimento XYZ Live e o Jockey Club de São Paulo terão que refazer o projeto da mega casa show que está em construção ao lado da pista de turfe, no antigo campo de futebol do clube.

Na manhã desta segunda-feira, em reunião ordinária do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado), os conselheiros do órgão rejeitaram o projeto enviado pelos empreendedores em março.

No entendimento do conselho, a construção fere a relação harmônica entre os edifícios tombados do Jockey Club e o seu entorno. Por isso, para ser aprovado, o projeto terá que passar por mudanças.

A principal dela é diminuir a altura da construção. Medida considerada fundamental para não atrapalhar a visão dos bens tombados, a partir da marginal Pinheiros. E, também, para que a paisagem urbana, vista a partir das tribunas e arquibancadas do hipódromo paulistano não fique poluída visualmente.

A casa de espetáculos está desenhada para receber até 7.000 pessoas. O local, previsto inicialmente para ser inaugurado em julho, terá 10 mil m² de área coberta e um total de 21 mil m² de construção. O projeto arquitetônico prevê a montagem de 34 camarotes, 218 banheiros, 10 VIP Boxes, 14 entradas, 12 bares e 36 saídas de emergência.

DIVISÃO

Dentro dos muros do Jockey de São Paulo, não se trata apenas da construção de uma casa planejada para a realização de eventos musicais, artísticos e esportivos.

A polêmica em torno da Claro Live! escancara a divisão que existe dentro do hipódromo de Cidade Jardim, que há décadas vive uma fase de decadência.

Existe um grupo do turfe, que pretende fazer renascer a atividade, e outro que está na presidência e que defende com mais ênfase os eventos paralelos às corridas.

Para Eduardo da Rocha Azevedo, atual presidente do Jockey, essa é a maneira de deixar a situação financeira do clube "no azul".

Pelo contrato entre o Jockey e a XYZ Live (uma das empresas do grupo ABC, que tem o publicitário e colunista da Folha Nizan Guanaes entre os sócios), o clube locou parte de seu terreno para a casa.

O acordo é válido por quatro anos. Além do aluguel, o Jockey de São Paulo poderá usar o local em algumas datas por ano e, também, explorar o seu estacionamento.

O empresário Alessandro Arcangeli, presidente da Associação Paulista de Fomento ao Turfe, diz que as corridas precisam estar no primeiro lugar da lista de prioridades.

"A atual administração tem feito vários projetos que vão contra as corridas de cavalo", diz Arcangeli, que também é proprietário de cavalos, além de sócio do clube.

Segundo ele, no último Lollapalooza, evento musical que durou três dias, os cavalos ficaram todo o tempo sem dormir, por causa do barulho, o que prejudicou o desempenho deles. Na prática, diz, fatos como esses prejudicam os apostadores das corridas.

"De repente, um favorito pode não ter ganho porque estava cansado", afirma.

Rocha Azevedo rebate as críticas: "Entre as corridas e um evento de entretenimento, é melhor não ter as corridas". Segundo ele, o turfe gera hoje um prejuízo anual de R$ 20 milhões ao Jockey.


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