A Prefeitura de Salvador decidiu promover um curso de defesa pessoal para mulheres, com direito a aulas práticas e professores da Guarda Municipal.
"Não é que a mulher vai aprender a bater no homem, mas tem que estar preparada, saber desviar, dar um golpe, prestar atenção sobre como anda na rua", afirmou Mônica Kalile, chefe da Superintendência de Políticas para as Mulheres da gestão ACM Neto (DEM).
Segundo ela, a capital baiana registrou 600 casos de violência contra a mulher no último mês e é a quinta com mais ocorrências dessa natureza no Brasil.
"Entendemos que uma das formas de combater o aumento desse índice, e ainda fazer prevenção, seria um curso assim", disse Kalile.
As aulas, que começam na próxima terça-feira (4), serão gratuitas, mas a prefeitura informa que não haverá gastos extras aos cofres do município --elas já estariam dentro da atribuição dos profissionais de cada área.
As 50 mulheres serão divididas em dois grupos, com aulas pela manhã e à tarde, duas vezes por semana, ao longo de um mês.
VIOLÊNCIA
A aposentada Sandra Laranjeira, 65, diz que se inscreveu no curso porque já sofreu dois assaltos. "Quero estar mais esperta e poder me defender de alguma forma."
A seleção das alunas privilegiou aquelas que já foram atendidas no centro de referência à mulher em situação de violência da cidade, mas o projeto vai continuar devido à alta demanda.
"A gente já esta com agenda até 2014. Fila de espera de interessadas. Para você ver como as mulheres estão se sentindo", afirmou a chefe da superintendência.
A Lei Maria da Penha também serviu como incentivo à iniciativa, segundo Kalile, pois prevê parcerias entre órgãos governamentais para implantar medidas como a adotada em Salvador.
Para o guarda municipal Renato Alcântara, que é um dos palestrantes do curso, existe uma "cultura machista" que estimula a "submissão" das mulheres em casa.
"Por isso, até saber conduzir a própria fala pode fazer diferença em um momento de conflito", afirmou.