Folha de S. Paulo


Após Feira da Madrugada fechar, comerciantes migram para galerias e shoppings

Comerciantes da Feira da Madrugada, no Brás, na região central de São Paulo migraram para shoppings e galerias do entorno depois que a prefeitura fechou o do centro comercial na noite de ontem.

No início da manhã de hoje, donos de boxes fizeram protesto, bloqueando a avenida do Estado e removendo malotões que impediam a entrada no espaço.

Após protesto, maioria dos comerciantes desocupa a Feira da Madrugada
Manifestação de lojistas da Feira da Madrugada bloqueia vias no Brás

Segundo Luciano Fernandes, do Sindimei (sindicato de comerciantes da feira), muitos comerciantes procuraram vagas em galerias desde o mês passado, quando a prefeitura anunciou o fechamento, que foi adiado após uma decisão judicial que manteve o comércio aberto.

O fechamento foi uma determinação da prefeitura após recomendação do Ministério Público. A Promotoria argumentou que há alto risco de incêndio no espaço, após laudo do Corpo de Bombeiros mostrar que não há saídas de emergência, concentração de material inflamável e ligações de gás clandestina no local.

Para conseguir as vagas nas galerias, muitos comerciantes pagaram até R$ 100 mil em luvas para donos de galerias para poder trabalhar no espaço por um período de um ano. Todos os ônibus vindos de todo o país que estacionavam dentro do pátio onde funciona a feira agora terão que parar na área do antigo edifício São Vito, na avenida Mercúrio.

Grupos de comerciantes ameaçam fazer novos protestos. Ontem, na Câmara Municipal, o vereador Adilson Amadeu (PTB), disse que há ameaça de "quebra-quebra" para os próximos dias.

RIVAIS

Desentendimentos entre grupos rivais que disputam espaço na Feira da Madrugada motivaram a confusão por volta das 6h de ontem.

No início da tarde, a maioria dos comerciantes já havia fechado seus boxes para a reforma, mas havia um grupo que ainda resistia e que tentará voltar ao localpretende permanecer no local.

A Copae (comissão permanente de comerciantes da feira) foi quem entrou com o pedido de liminar que suspendeu o fechamento na semana retrasada. Uma decisão do Tribunal Regional Federal da Terceira Região divulgada nesta semana derrubou uma liminar que mantinha em funcionamento a feira --maior shopping ao ar livre da América Latina.

O grupo bate de frente com a Coffemap, associação de comerciantes que reúne a maior parte dos cerca de 4.500 donos de boxes do comércio. Durante o protesto, faixas denunciavam o esquema de venda de boxes que já foi investigado pela polícia.

Trabalhadores da feira dizem que o comércio ilegal de pontos continua na gestão Fernando Haddad (PT). Segundo denunciantes, o preço chega a R$ 500 mil, de acordo com o local onde está o box.

Outra associação que briga pelo não fechamento da feira é a Coopercom, dirigida pelo comerciante chinês Mario Ye. Ele defende que a feira pode ficar aberta durante a reforma que será feita pela prefeitura. (GIBA BERGAMIM JR.)


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