Folha de S. Paulo


Manifestação de lojistas da Feira da Madrugada bloqueia vias no Brás

Uma manifestação de cerca de 300 comerciantes da Feira da Madrugada bloqueia no início desta quarta-feira (29) os dois sentidos da avenida do Estado, além das ruas São Caetano, Oriente e Monsenhor Andrade, no Brás, região central de São Paulo.

O protesto ocorre contra uma decisão do Tribunal Regional Federal da Terceira Região que derrubou uma liminar que mantinha em funcionamento a feira --maior shopping ao ar livre da América Latina.

Segundo Gilson Roberto de Assis, coordenador da Copae (comissão permanente de ambulantes da feira), agentes da prefeitura foram ao local por volta da 0h e bloquearam as entradas da feira. Ainda segundo Gilson, comerciantes e clientes teriam ficado trancados do lado de dentro.

A PM acompanha a manifestação e realiza desde as 5h45 uma negociação com os comerciantes para a liberação das vias. Segundo o sargento Antonio Carlos Martins, um total de 50 carros estão no local.

Ontem (28), os comerciantes da Feira da Madrugada desrespeitaram a decisão do TRF e abriram as lojas normalmente.

Na segunda-feira (27), a Justiça acolheu um recurso da prefeitura, com base em laudo do Corpo de Bombeiros, que mostrava que a feira sofria risco de incêndio, mesmo após reformas feitas por comerciantes no espaço, e determinou o fechamento do local.

De acordo com a decisão, os comerciantes têm até hoje para retirar todas as mercadorias do espaço, de 176 mil m², para que sejam feitas reformas para adequar o local aos padrões exigidos pelos Bombeiros. A prefeitura foi procurada, porém não atendeu as solicitações da reportagem.

FEIRA

A feira foi criada em 2005, durante a gestão do então prefeito José Serra (PSDB) para acolher ambulantes ilegais da região da 25 de março. Em 2011, o espaço chegou a ter 6.000 boxes, boa parte deles construídos ilegalmente.

Grupos de chineses comandavam os boxes, que eram gerenciados por outras pessoas. Durante a gestão Gilberto Kassab (PSD), uma operação em parceria com a Polícia Militar acabou no fechamento de vários boxes. Comerciantes que saíram da feira fizeram protestos, queimando carros no entorno do pátio do Pari, onde funciona a feira. Funcionários suspeitos de envolvimento em esquemas de corrupção foram exonerados.

Muitos comerciantes conseguiram voltar à feira por meio de liminares na Justiça. A feira funciona numa área da União, que passou a administração do terreno para a prefeitura. Kassab anunciou no ano passado um plano para transformar a área num grande shopping, com estrutura hoteleira no entorno.

REFORMA

O secretário do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo, Eliseu Gabriel, disse que, na próxima semana, deve começar a reforma, que vai durar pelo menos dois meses.

A CET vai preparar um bolsão de estacionamento onde funcionava o antigo Edifício São Vito, na avenida Mercúrio, para receber os ônibus que trazem os clientes de todo o país à feira.

Por risco de incêndio, a Prefeitura de São Paulo determinou o fechamento da Feira da Madrugada no último dia 30 de abril. Em 9 de maio, um grupo que representa parte dos cerca de 4.500 comerciantes do local conseguiram uma liminar na 24ª Vara Federal para manter o espaço aberto.

A contrapartida era que fosse feita reforma, que foi feita. Porém, o Corpo de Bombeiros considerou as mudanças insuficientes. Com base num laudo dos bombeiros, a prefeitura recorreu e obteve a vitória na Justiça.


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