Folha de S. Paulo


Bandidos trancaram dentista no banheiro e atearam fogo em cômodo

O dentista Alexandre Peçanha Gaddy, 41, foi trancado no banheiro de seu consultório, em São José dos Campos (97 km de SP), ontem à noite (27). Segundo familiares da vítima, os dois assaltantes jogaram álcool e atearam fogo no cômodo e fugiram na sequência.

Editoria de Arte/Folhapress

De acordo com a irmã da vítima, a dona de casa Christianne Peçanha Gaddy, 40, o irmão estava lúcido e chegou a dizer durante o resgate que eram dois criminosos armados que invadiram o local. Os bandidos estavam encapuzados e não teriam levado nada do local do crime.

Gaddy teve 60% do corpo queimado e segue internado em estado grave no hospital municipal da Vila Industrial.

A família pretendia transferir a vítima para um hospital de referência em São Paulo, mas os médicos aconselharam a família a manter o paciente em São José pois o estado de saúde é muito delicado para uma remoção.

CÂMERAS

Segundo a dona de casa, o consultório tem câmeras e a polícia vai analisar as imagens para tentar identificar os criminosos.

Logo após o crime, ela conta que o alarme do estabelecimento foi acionado. "Ele conseguiu pedir ajuda e as pessoas que estavam passando pelo local prontamente acionaram o Corpo de Bombeiros. Tudo foi muito rápido e em nenhum momento ele perdeu a consciência", disse a irmã.

De acordo com Christianne, ele nunca guardou dinheiro no local e costumava estender o expediente para organizar a clínica. "Ontem ele ficou até mais tarde para esterilizar os equipamentos."

Christianne conta que o local foi todo revirado pelos assaltantes, mas que não há sinais de arrombamento no consultório. Ainda não se sabe o motivo dos bandidos terem ateado fogo na vítima.

Reprodução/Facebook
O dentista Alexandre Peçanha Gaddy, que teve cerca de 60% do corpo queimado durante assalto a seu consultório no interior de SP
Dentista Alexandre Peçanha Gaddy, que teve cerca de 60% do corpo queimado durante assalto a seu consultório no interior de SP

Segundo Christianne, o irmão montou o novo consultório, na rua Periquitos, na Vila Tatetuba, há pouco mais de um ano. "Ele se divorciou e, como tinha consultório com a ex-mulher, decidiu abrir um novo espaço", conta. Ela diz que o dentista nunca havia sido assaltado.

Pai de dois filhos do primeiro relacionamento, as crianças de cinco e 11 anos ainda não sabem o que aconteceu com o pai. "Nem queremos que elas saibam por enquanto", afirma a dona de casa.

A mãe de Gaddy, de 65 anos, está no hospital aguardando notícias do filho. Segundo Christianne, ela está muito abalada com tudo o que aconteceu. Já o pai do dentista, de 68 anos, está viajando na Europa. "Ligamos para ele e pedimos para voltar imediatamente. Só não dissemos para ele o que aconteceu."

OUTRO CASO

Esse é o segundo caso neste ano em que criminosos ateiam fogo em dentistas após tentativas de assalto a consultórios no Estado de São Paulo.

No dia 25 de abril, a dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza foi morta no consultório dela, na rua Copacabana, Jardim Anchieta, em São Bernardo do Campo (Grande SP). Ela também teve o corpo incendiado com álcool. A vítima morreu no local. Segundo a polícia, ela foi morta pois tinha apenas R$ 30 na conta bancária.

Os quatro criminosos foram presos na mesma semana que ocorreu o crime. Entre os assaltantes estava um adolescente de 17 anos que confessou à polícia ter ateado fogo na vítima.


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